Ser mulher empreendedora: os principais desafios

Se na Europa as mulheres detêm um terço dos novos negócios (cerca 33,3%), esse número, em Portugal, chega aos 35%, de acordo com os dados da Global Entrepreneurship Monitor(GEM) relativos a 2013. ‘As características que uma mulher empreendedora deve ter são exatamente as mesmas de que um homem empreendedor necessita: capacidade de enfrentar o risco, criatividade, resiliência, automotivação, entre outras’, refere ao Empreendedor.com Isabel Canha, fundadora do site Executiva.pt e organizadora do Dia da Mulher Empreendedora, uma iniciativa que se insere na Semana Global de Empreendedorismo e que tem como embaixadora Ana Paula Rafael, presidente da marca de vestuário Dielmar.

Apesar das semelhanças entre homens e mulheres neste campo, Isabel Canha alerta para as especificidades do empreendedorismo feminino: ‘No processo de empreender, as mulheres com quem tenho conversado dizem-me que têm algumas dificuldades acrescidas, como a conciliação entre a vida pessoal e familiar, as tarefas domésticas e a obtenção de financiamento. É uma questão de mentalidade, de decisões tomadas de forma inconsciente e não com o propósito de discriminar. Em muitos domínios, uma mulher tem ainda de provar mais do que um homem.’

A negociação em países onde o papel social da mulher é bastante diferente do nosso constitui outro desafio. ‘O ser mulher no mundo do empreendedorismo nem sempre é fácil. Tenho sentido dificuldades em negociar em países como a Arábia Saudita ou os Emirados Árabes Unidos. Quando vou às feiras nestes locais adopto a estratégia de me fazer acompanhar por um homem’, conta Claúdia Ranito, fundadora da Medbone (empresa portuguesa que produz ossos sintéticos e que já exporta para 50 países), uma das participantes do painel dedicado ao tema do empreendedorismo tecnológico.

Segundo Maria José Armich, da Women Win Win, há cada vez mais mulheres em Portugal a criarem os seus próprios empregos ‘ainda que, principalmente, por necessidade, mas também por oportunidade’. Para a fundadora da plataforma de apoio às mulheres empreendedoras,’apoiar o empreendedorismo feminino é não só uma questão económica, mas fundamentalmente social.’

Em Portugal, existem vários programas de apoio e incentivo ao empreendedorismo feminino, que atuam, sobretudo, nas áreas da formação, da mentoria e da criação de redes interempresariais de partilha de experiências e de networking. O ‘Connect to Success‘, o ‘Exchange’, o ‘New Beginning’, o ‘Girls Lean In’ e o ‘Fame’ (do Instituto para o Fomento do Empreendedorismo em Portugal) são alguns deles.

O Dia da Mulher Empreendedora vai ser assinalado em Lisboa com uma conferencia na Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa. O primeiro painel está subordinado ao tema ‘Empreender na finança – um mundo masculino?’, tendo como participantes duas empreendedoras que conseguiram vingar num mundo tradicionalmente masculino: Maria Cândida Rocha e Silva, do Banco Carregosa, e Emília Vieira, ‘uma mulher com bastante experiência internacional’ que lançou a financeira Casa de Investimentos.

‘Vamos ter também um painel sobre a importância de errar, aprender com o fracasso e voltar a tentar. De facto, o erro e o fracasso são muito importantes no empreendedorismo porque é deles que retiramos as maiores lições’, salienta Isabel Canha.

O tema do empreendedorismo tecnológico vai ser debatido num outro painel em que participam os empreendedores Helena Vieira, da Blue Ocean Alliance, Claúdia Ranito, da Medbone, Cristina Fonseca, da Talkdesk, e Pedro Janela, do Wy Group.

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