Os sistemas alimentares globais estão perigosamente subfinanciados. Segundo um relatório da Bain & Company e do Fórum Económico Mundial, são necessários 1,1 biliões de dólares por ano durante os próximos cinco anos para transformar os sistemas agroalimentares em modelos sustentáveis e resilientes. No entanto, o investimento atual cobre apenas 5% desse montante, evidenciando um défice que ameaça metas climáticas e oportunidades económicas.
Grande parte dos investimentos privados está concentrada na Europa e América do Norte, deixando subfinanciadas regiões como Ásia-Pacífico, África e América Latina, onde o investimento é mais necessário. Para responder a este desequilíbrio, o relatório propõe modelos de financiamento inovadores capazes de atrair novos atores financeiros e reduzir as barreiras ao investimento.
Francisco Montenegro, partner da Bain & Company, sublinha que investir em sistemas alimentares não é apenas uma necessidade ambiental, mas também uma oportunidade de negócio, pois melhora os perfis de risco de crédito e cumpre exigências regulatórias de sustentabilidade. Já Derek Baraldi, do Fórum Económico Mundial, destaca a importância da ação coordenada ao longo da cadeia de valor para escalar soluções eficazes.
O relatório apresenta três modelos principais: financiamento direto a agricultores, empréstimos através de empresas e plataformas de múltiplos stakeholders. Estes modelos integram estratégias de mitigação de risco e abordagens como garantias financeiras ou monetização de resultados ambientais.
Iniciativas como Aceli Africa, Project Acorn, IFACC ou os programas da McCain mostram como é possível alinhar capitais públicos, privados e filantrópicos para gerar impacto. Para desbloquear o financiamento necessário, os autores recomendam metas claras, parcerias estratégicas, inovação financeira e envolvimento ativo da liderança das instituições financeiras.
Sem uma mudança estrutural no financiamento dos sistemas alimentares, os objetivos de sustentabilidade global correm o risco de não serem alcançados.