Startups criam soluções para reduzir a Pegada de Carbono na Economia do Mar

Programa de inovação colaborativa Bluetech Accelerator apresentou o relatório do impacto

Imagem de Allan Fedders por Pixabay

O programa de inovação colaborativa Bluetech Accelerator do Ministério do Mar/FLAD, realizado em parceria com a Beta-i, apresentou o relatório do impacto das soluções desenvolvidas pelas empresas e startups. Segundo o relatório, há um potencial de redução das emissões de carbono que, nos Portos de Leixões, Douro e Viana do Castelo pode chegar a 13,000 toneladas/ano. Também a redução de custos operacionais foi estimada em 210,000 € por navio/ano com a adoção das soluções propostas pelas startups participantes do programa.

O Ministério do Mar e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) apresentaram o Relatório de Impacto do programa “Bluetech Accelerator – Ports & Shipping 4.0”, uma iniciativa destinada à inovação colaborativa e aceleração de startups ligadas à Economia do Mar que, nesta primeira edição, contou com 11 startups e 5 organizações líderes tendo como foco estratégico o setor portuário, shipping e logística marítima.

Os primeiros dados consolidados do relatório, relativos à redução da pegada de carbono, indicam um potencial de redução de 13,000 toneladas de emissões de carbono no negócio da APDL (Portos de Leixões, Douro e Viana do Castelo) e de 7,900 toneladas para o Porto de Sines, a partir dos estudos feitos pela Eco Wave Power (uma startup com soluções para reduzir a pegada ambiental a partir da exploração da energia das ondas).

Também o modelo da startup Bizcargo, um marketplace para a logística, tem o potencial de reduzir a pegada de carbono dos seus clientes até 40%, enquanto a Sevways X3 Shipping, uma plataforma de análise de dados e automação de tarefas baseada em machine learning, aponta para reduções até 7,6 gigatoneladas de emissões de CO2.

O relatório destaca igualmente, a tecnologia da Bound4Blue (uma solução de vela com base num projeto aeronáutico), que permite a redução de 640 toneladas de combustível por ano no conjunto dos dois navios analisados do grupo E.T.E., o que significa eliminar mais de 2,000 toneladas de emissões de CO2 e um impacto económico aproximadamente de 400,000 €/ano. As primeiras projeções económicas realizadas pelo Grupo E.T.E. no piloto com a Bound4Blue apontaram para um impacto económico de 210,000 € por navio/ano.

“Não basta executar o programa, importa também qualificar e quantificar o seu impacto”

Outro projeto piloto que merece destaque é o desenvolvido pelo Porto de Sines com a i4Sea, que usa dados de diferentes fontes, incluindo satélite, para otimizar a capacidade e a disponibilidade de cais nos portos. Para além do potencial aumento de receita do porto, demonstrou-se uma redução de custos na ordem de 144,000 € por navio por se evitarem esperas por indisponibilidade de cais.

O Grupo E.T.E., em parceria com a Surclean (limpeza de embarcações e navios), provou reduzir os custos operacionais associados de cerca de 29 milhões de euros (usando métodos tradicionais de jato de areia) para 8 milhões de euros (com recurso a tecnologia laser), reduzindo em simultâneo os inerentes impactos ambientais.

De referir ainda o piloto desenvolvido pela MariOne que, consistindo num sistema de alerta em tempo real para mercadorias perecíveis em carga contentorizada, foi capaz de monitorizar com sensores a carga de um navio que se deslocou de Lisboa para os Açores e a Madeira. Verificou-se que a tecnologia tem capacidade de gerar um crescimento económico anual de aproximadamente 500,000 de euros para uma frota. Em termos de receita adicional, o piloto da APDL (Portos de Leixões, Douro e Viana do Castelo), com a i4Sea para otimização de cargas indicou uma capacidade de geração de receita de 2 milhões de euros por ano.

Imagem de Hessel Visser por Pixabay

O Bluetech Accelerator convidou startups e organizações globais a desenvolverem projetos piloto em conjunto para solucionar desafios correntes, percecionados na sociedade e com significativo impacto na atividade das organizações estabelecidas, respondendo assim às questões de desenvolvimento mais prementes da indústria.

“O programa Bluetech Accelerator é uma iniciativa pioneira que ajudou a gerar as condições necessárias para dinamizar negócios inovadores no âmbito da Economia do Mar em Portugal, nomeadamente nas áreas da investigação, desenvolvimento e inovação”, sublinhou o Ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, na apresentação do relatório.

“O presente relatório revela-se muito oportuno porque visa avaliar o impacto do programa Bluetech Accelerator, considerando que não só importa executar o programa, mas também qualificar e quantificar o seu impacto numa Economia do Mar que se pretende mais sustentável, inovadora e vanguardista”, frisou o governante.

Rita Faden, Presidente da FLAD, salienta também o papel do programa na criação de um ambiente inovador e criativo na Economia do Mar: “A FLAD apoia o Bluetech Accelerator porque acreditamos na importância da inovação para o desenvolvimento da Economia do Mar e na capacidade do trabalho criativo destas startups para um equilíbrio entre a proteção do Oceano e o crescimento económico”.

A iniciativa Bluetech Accelerator integrou o programa Ocean Portugal, desenvolvido em conjunto pelo Ministério do Mar e pela FLAD, coordenado pela Direção-Geral de Política do Mar e implementado pela Beta-i, visando desenvolver a inovação e o empreendedorismo nos setores da Economia do Mar.

Esta é uma forma das empresas perceberem os seus desafios e o tipo de soluções que devem implementar

O programa procurou, também, responder a uma das diretrizes estratégicas do Governo para aumentar o peso económico da Economia do Mar, que passa pela implementação de políticas e iniciativas que estimulem o desenvolvimento e implementação de novas soluções tecnológicas para setores emergentes da Economia do Mar, mas também pela reconversão, atualização e sofisticação dos modelos de negócio e oferta dos setores mais tradicionais do Mar, garantindo deste modo, a sua sustentabilidade.

De acordo com Pedro Rocha Vieira, CEO e cofundador da Beta-i, “quando desenvolvemos um programa de inovação colaborativa entre startups e empresas, este nunca termina no desenvolvimento e apresentação de projetos piloto conjuntos. Pretendemos que seja apenas o pontapé de saída para os dois mundos começarem a criar relações, trabalharem em conjunto e sobretudo criarem relações que serão continuadas no futuro. Esta é sem dúvida uma forma das empresas perceberem os seus desafios e o tipo de soluções que devem implementar, recorrendo à colaboração como um motor de inovação”.

No âmbito deste programa foram ainda estabelecidos 18 projetos pilotos e assinados 5 acordos de negócio entre as startups e as organizações líderes, estando em negociação mais 4 acordos, demonstrando a alavancagem deste tipo de iniciativas na dinamização de um setor considerado de maior importância para o ecossistema de inovação e para a Economia do Mar em Portugal e no estrangeiro.

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