O novo relatório Web Summit x Crunchbase 2025 revela que a inteligência artificial lidera o financiamento global, com startups a captar 334,6 milhões de dólares, um aumento de 360% face ao ano anterior.
Um retrato do impacto pós-evento
O Relatório de Financiamento Web Summit x Crunchbase 2025, que analisa o desempenho financeiro das startups participantes após o evento de Lisboa, é um estudo, baseado em dados privados da plataforma Crunchbase e em padrões de utilização de mais de 80 milhões de utilizadores, que mostra o impacto direto da presença das startups na Web Summit para a captação de investimento, sobretudo em fases iniciais.
Desde a edição de 2024, 191 startups que integraram o Startup Programme garantiram novos financiamentos, num total de 715,5 milhões de dólares, com uma média de 3,7 milhões por empresa. No conjunto das 332 empresas participantes ‑ incluindo startups, oradores e parceiros ‑ o financiamento agregado ascendeu a 128,8 mil milhões de dólares, mais do dobro do registado no ano anterior.
A inteligência artificial assume a dianteira
A inteligência artificial e o machine learning lideram o ranking dos setores mais financiados, somando 334,6 milhões de dólares, um crescimento de 360% face a 2024. O relatório aponta uma clara “aceleração do interesse dos investidores em aplicações escaláveis de IA e nas infraestruturas que as suportam.”
Os setores SaaS e fintech mantêm relevância, mas perdem peso relativo face ao domínio da IA. O SaaS arrecadou 65,7 milhões de dólares (menos 45% que em 2024) e o fintech totalizou 35,8 milhões. A sustentabilidade e as tecnologias limpas registaram um abrandamento, com 25,2 milhões de dólares, sinal de que “os investidores parecem priorizar tecnologias de crescimento mais rápido em detrimento de projetos de longo prazo.”
Entre as novas entradas no top 10 surgem Healthtech e Wellness (24,9 milhões), Energia e Serviços Públicos (19,1 milhões), E-commerce e Retalho (12,3 milhões), Telecomunicações e TI (11,2 milhões) e Educação (10,1 milhões).
Startups portuguesas em evidência
Duas empresas portuguesas destacam-se entre as que mais captaram investimento: a Bling Energy, com 17,4 milhões de dólares, e a BrainR, com 12,9 milhões.
Para Bernardo Fernandez, cofundador e CEO da Bling Energy, “todos os anos a Web Summit alarga horizontes e redefine tendências no mundo da inovação e do investimento. Beneficiámos diretamente das conexões feitas no evento, e os investidores que participaram na nossa última ronda estiveram em Lisboa em 2024.”
Já Paulo Gaspar, cofundador e CEO da BrainR, confirma o impacto do evento: “A participação foi determinante para aumentar a visibilidade da empresa e estabelecer parcerias estratégicas com startups e consultoras que hoje são parte fundamental da nossa expansão.”
A força das startups em fase inicial
O relatório mostra ainda que 131 startups ALPHA (pré-seed) obtiveram financiamento médio de 1,1 milhões de dólares, demonstrando um foco crescente em empresas em estágios muito iniciais. As BETA, já com receitas, arrecadaram 160 milhões, e as GROWTH, em expansão, totalizaram 416,5 milhões.
A Web Summit, fundada em 2009, reforça assim o seu papel como catalisador de investimento e de novas oportunidades no ecossistema global de inovação. Em Lisboa, onde se cruzam ideias e capital, a IA confirma-se como o grande motor económico da nova década.
