Com a Web Summit prestes a regressar a Lisboa, cresce a urgência de proteger ideias e tecnologias num contexto em que a inteligência artificial redefine a autoria e o valor da inovação.
À medida que Lisboa se prepara para receber mais uma edição da Web Summit, entre 10 e 13 de novembro, milhares de startups e criadores tecnológicos preparam-se para apresentar novas ideias ao mundo. Mas a exposição pública de produtos e conceitos, sem proteção legal adequada, pode transformar-se num risco — especialmente num cenário em que a inteligência artificial (IA) e os dados assumem um papel central na criação e no desenvolvimento de negócios.
Com mais de 70 mil participantes esperados, o evento volta a ser palco de encontro entre inovação, investimento e talento. No entanto, a propriedade intelectual (PI) surge como uma preocupação crescente entre empreendedores e investidores. A velocidade da inovação e a facilidade de replicação tecnológica exigem hoje uma abordagem preventiva e estratégica para proteger patentes, marcas, direitos de autor e segredos comerciais.
“A inovação atual nasce do cruzamento entre tecnologia, criatividade e dados — e a sua proteção exige um olhar jurídico que vá além do registo formal de direitos”, explica Vítor Palmela Fidalgo, sócio e advogado na Inventa.
Em ambientes altamente colaborativos como a Web Summit, o risco de divulgação indevida de informação é elevado. Especialistas alertam que o registo prévio de patentes, marcas ou designs deve ser feito antes de qualquer apresentação pública. Além disso, acordos de confidencialidade (NDAs) e medidas contratuais são essenciais para salvaguardar ideias em reuniões com investidores e parceiros estratégicos.
A transformação tecnológica traz ainda novos desafios legais: quem é o verdadeiro autor de uma obra criada por IA? Um algoritmo ou modelo de machine learning pode ser objeto de proteção? Estas questões estão a redefinir o futuro da propriedade intelectual e a obrigar legisladores, juristas e criadores a repensar o conceito de autoria e de valor.
Num contexto em que a IA acelera a inovação, a proteção da propriedade intelectual continua a ser o que distingue um conceito inspirador de um negócio sustentável. A disrupção tecnológica é inevitável, mas só se converte em vantagem competitiva quando acompanhada por uma estratégia legal sólida. Na era da inteligência artificial, a proteção prévia é — mais do que nunca — o melhor investimento.