O mais recente estudo da Boston Consulting Group, “2025 Value Creators Rankings: After a Decade of Growth, What’s Next?”, revela que o retorno médio acionista (TSR) global foi de 9,8% ao ano entre 2020 e 2024. Embora inferior aos 12% do ciclo anterior, os dados confirmam a resiliência das empresas tecnológicas e o regresso das indústrias tradicionais como motores relevantes de criação de valor.
O setor de desenvolvimento de hardware liderou o ranking com um TSR de 20% anual, impulsionado pelo avanço da Inteligência Artificial. Também o software e os componentes elétricos destacaram-se, com retornos médios de 15,7% e 12,6%, respetivamente. Contudo, a indústria da construção ocupou o segundo lugar (16%), seguida das indústrias de minerais (15,8%), maquinaria (15,2%) e metalurgia (14,2%), refletindo uma recuperação sólida dos setores produtivos.
Em contraste, o imobiliário, o turismo e os serviços de comunicação foram os setores com pior desempenho, com retornos médios entre 1,4% e 4,3%.
Regionalmente, a Ásia-Pacífico consolidou a sua liderança global, com 68 das 100 empresas com maior criação de valor. Já a Europa registou um declínio acentuado, com apenas três empresas no top 100, contrastando com as nove do ano anterior — sinal da perda de competitividade do continente face às novas potências económicas.

Pedro Pereira, Managing Director e Senior Partner da BCG em Lisboa, sublinha que “o desempenho dos últimos anos confirma a importância de estratégias robustas e sustentáveis, sobretudo para as empresas europeias, que devem acelerar a inovação e reforçar a resiliência num contexto de transformação global”.
O relatório destaca ainda que, para garantir criação de valor sustentada, as empresas devem investir na inovação, gerir eficientemente os custos e desenvolver planos claros e realistas. A capacidade de adaptação aos fatores externos — como a inflação ou as barreiras comerciais — e a clareza na comunicação com investidores são, segundo a BCG, fatores críticos para atrair capital e manter vantagem competitiva.
Num mundo cada vez mais volátil, a criação de valor dependerá de quem souber antecipar, ajustar e inovar com agilidade estratégica.