Desde a chegada da operadora romena Digi ao mercado português, em novembro de 2024, as queixas contra operadoras de telecomunicações low-cost registaram um aumento sem precedentes. De acordo com dados do Portal da Queixa, o número de reclamações nesta categoria disparou 1766% nos últimos seis meses, totalizando 2.799 ocorrências – face às apenas 150 registadas no semestre anterior.
A Digi lidera de forma destacada a lista de operadoras mais reclamadas, sendo responsável por 74,9% das queixas. Seguem-se, a larga distância, a Amigo (11,97%), a Woo (7,81%), a UZO (5,25%) e a Liga T (0,08%). A entrada da nova operadora em novembro coincidiu com um aumento superior a 500% no volume mensal de reclamações, mantendo-se no topo das ocorrências até ao final do ano.
Entre os principais motivos reportados pelos consumidores destacam-se falhas no serviço (30,9%), problemas na ativação e instalação (19,4%) e erros de faturação ou dificuldades no pagamento (12,4%). Também foram registadas queixas sobre portabilidades não realizadas (11,1%), falhas de cobertura nacional e em roaming (10,85%), problemas no atendimento ao cliente (9,95%) e dificuldades na gestão de contratos (3,54%).
Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa by Consumers Trust, considera que a entrada da Digi dinamizou o segmento low-cost, mas salienta que a empresa não se preparou para a procura gerada. “A marca falhou na entrega de um serviço minimamente satisfatório a muitos dos seus novos clientes. Se não reforçar rapidamente a estrutura e processos, corre o risco de ver a sua reputação marcada pela desorganização e fraca qualidade.”
O descontentamento agravou-se durante o recente apagão nacional. No dia 29 de abril, a Digi foi alvo de mais de 500 reclamações, sendo a última operadora a retomar os serviços na totalidade. Milhares de clientes estiveram sem comunicações por mais de 24 a 48 horas.
