Lisboa recebe nos dias 23 e 24 de setembro o Management Summit 2025, uma cimeira dedicada a repensar a forma como as empresas gerem talento, cultura e inovação. Fundador do evento e CEO da Agile Thinkers, Hugo Lourenço defende que os modelos tradicionais de gestão estão a bloquear a criação de valor e aponta caminhos para uma mudança estrutural.
Eficiência não é impacto
Para Hugo Lourenço, os maiores bloqueios que as empresas enfrentam começam pela forma como medem o desempenho. “O principal bloqueio é a confusão generalizada entre eficiência e impacto”, afirma.
As organizações continuam a contabilizar relatórios, processos e horas, quando o verdadeiro indicador deveria ser o valor criado. “Muitas empresas funcionam como sistemas saturados: reuniões que não chegam a decisões, talento perdido em burocracias, equipas a cumprir procedimentos sem espaço para reparar, em tempo útil, com base no feedback dos clientes.”
A isto junta-se um obstáculo mais silencioso: o medo. “Quando as pessoas têm receio de errar ou de ser criticadas, calam-se. Nesse silêncio perdem-se ideias que poderiam mudar resultados. Não precisamos de mais controlo, mas sim de clareza, confiança e liberdade para experimentar.”
“Sem confiança, não há inovação.”
Segurança psicológica como motor de confiança
Um dos temas centrais do Summit é a importância da segurança psicológica nas equipas. Hugo Lourenço recorre a um exemplo paradigmático: “Na aviação, reporta-se muito mais do que na saúde. Os pilotos são incentivados a partilhar qualquer falha ou quase incidente sem receio de punição, o que permite aprender cedo e evitar acidentes. Nos hospitais, muitos erros não chegam a ser registados devido ao receio de culpa. A diferença não está na complexidade, mas na cultura: onde há confiança, há reporte; e onde há reporte, há aprendizagem.”
Na prática, defende três linhas de ação. Primeiro, mudar métricas: não basta premiar rapidez ou volume, mas sim avaliar a qualidade das decisões, a capacidade de recuperação após falhas e a confiança dos clientes.
Segundo, dar autonomia às equipas, descentralizando decisões e criando momentos curtos de alinhamento diário. E, por fim, construir confiança em pequenos gestos: “Cumprir promessas, valorizar quem identifica problemas e manter coerência entre o que se diz e o que se faz.”

Um laboratório de gestão em Lisboa
O Management Summit 2025 foi concebido como um espaço experimental. “O Summit foi pensado como um laboratório, não como uma conferência tradicional”, sublinha Hugo Lourenço.
O objetivo é que os participantes testem novas práticas de alinhamento entre cultura, estratégia e inovação. “A estratégia só tem impacto quando assenta numa cultura saudável e numa confiança que permite arriscar. A inovação só é real quando atravessa toda a organização, em vez de ficar fechada num departamento.”
Mais do que inspiração, a ambição é provocar mudança imediata. “Gostava que os líderes saíssem do Summit e, logo no dia seguinte, eliminassem pelo menos um processo sem valor. E que passassem a medir não só resultados financeiros, mas também o clima organizacional, a confiança nas equipas e a capacidade de adaptação dos clientes.”

Rumo a organizações mais ágeis e humanas
Para o fundador da Agile Thinkers, Portugal precisa de dar um salto qualitativo na forma como gere as suas empresas. “As organizações mais resilientes, ágeis e humanas são as que garantem valor no futuro.”
O Management Summit 2025 pretende, assim, ser um catalisador desta mudança, ao reunir líderes empresariais, executivos e empreendedores dispostos a repensar a gestão e a colocar as pessoas no centro da cultura organizacional.