Profissionais de TI: bem-estar elevado mas stress crescente

Estudo revela que o bem-estar dos profissionais de TI é elevado, mas o setor enfrenta os níveis de stress mais altos e grande volatilidade laboral.

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O setor das Tecnologias da Informação permanece entre os mais dinâmicos e exigentes do mercado de trabalho global. A transformação digital, a rápida evolução da IA e a escassez de talento qualificado criaram um ambiente onde a inovação avança em ritmo acelerado, mas onde também se intensificam as pressões sobre equipas e organizações.

Segundo o Global Talent Barometer 2025, divulgado pelo ManpowerGroup, os profissionais de TI lideram o ranking global de bem-estar, satisfação e confiança, atingindo um índice global de 72%. Contudo, este desempenho convive com um desafio estrutural: o setor apresenta os níveis de stress diário mais elevados entre todas as áreas analisadas.

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Bem-estar elevado e forte alinhamento com as organizações

O estudo avalia 12 indicadores distribuídos pelos índices de Bem-Estar, Satisfação no Trabalho e Confiança. No caso das TI, o Índice de Bem-Estar atinge 70%, acima da média global e quatro pontos acima de 2024.

Os dados evidenciam três fatores que sustentam estes resultados:

  • 84% consideram que o seu trabalho tem significado e propósito.
  • 81% sentem alinhamento com a visão e valores da empresa.
  • 77% destacam um bom equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

O alinhamento cultural é particularmente relevante: este indicador cresceu 7 pontos percentuais face a 2024, revelando que as empresas tecnológicas têm reforçado práticas de cultura organizacional mais claras e orientadas para o talento.

Contudo, o estudo alerta para um contraponto expressivo: 53% dos profissionais de TI enfrentam níveis diários de stress elevados, o valor mais alto entre todos os setores avaliados. A pressão por resultados, a velocidade de inovação e a necessidade constante de atualização técnica estão entre os fatores que amplificam este fenómeno.

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Satisfação no trabalho: estabilidade reduzida e maior disposição para mudar

O Índice de Satisfação no Trabalho atinge 62%, alinhado com a média global. Apesar disso, há sinais de maior volatilidade no comportamento dos trabalhadores do setor.

Apenas 47% afirmam não pretender mudar de emprego nos próximos seis meses — menos três pontos percentuais face a 2024. Em paralelo, a confiança na manutenção do emprego atual caiu de 64% para 57%, evidenciando uma crescente perceção de incerteza.

Paradoxalmente, esta redução convive com um aumento da confiança na capacidade de transição profissional:

  • 70% acreditam que conseguiriam mudar de emprego nos próximos seis meses.
  • 75% confiam nos seus managers, um crescimento de cinco pontos percentuais.

O setor apresenta, assim, um perfil único: elevada satisfação, elevada confiança e, simultaneamente, elevada predisposição para mudança, como reflexo de um mercado de talento altamente competitivo.

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Confiança reforçada e oportunidades em expansão

Com 84%, o Índice de Confiança das TI é o mais elevado entre todos os setores, oito pontos acima da média global. Os profissionais destacam sobretudo:

  • Oportunidades de carreira (73%), aumento de sete pontos face a 2024.
  • Oportunidades de desenvolvimento (83%), mais seis pontos.
  • Confiança nas próprias competências (91%), dois pontos acima do ano anterior.
  • Acesso a tecnologia atualizada (88%), que se mantém estável.

Apesar do avanço acelerado da inteligência artificial, os profissionais de TI demonstram segurança no seu papel e na sua capacidade de adaptação. Este indicador permite concluir que, embora pressionados por ritmos intensos de mudança, sentem que possuem as ferramentas necessárias para acompanhar o setor.

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Desafios para a liderança: inovar sem comprometer o bem-estar

O Global Talent Barometer 2025 sublinha que a transformação digital está a reconfigurar o trabalho no setor das TI, ao mesmo tempo que eleva as exigências técnicas e emocionais. Para atrair, desenvolver e reter talento especializado, os líderes do setor precisam de equilibrar três dimensões estratégicas:

  • inovação contínua,
  • experiência e bem-estar das equipas,
  • mobilidade e progressão de carreira.

Numa área onde o stress diário já ultrapassa metade dos profissionais, o relatório sugere que a sustentabilidade das equipas tecnológicas dependerá cada vez mais de modelos de liderança centrados nas pessoas, programas claros de desenvolvimento e culturas organizacionais que acompanhem a velocidade e o impacto da evolução tecnológica.

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