As 25 Scale Ups Portuguesas

A BGI, com o apoio do EIT Digital, produziu um relatório detalhado sobre Scale-Ups Portuguesas. O documento, agora divulgado, descreve em pormenor as 25 empresas portuguesas mais promissoras, com menos de 5 anos e identifica as oportunidades e ameaças para o ecossistema empreendedor português.

O ‘Portuguese Scale Up Report’ é o resultado de um estudo inovador que identificou ‘as melhores 25 startups emergentes em Portugal’. O documento analisa ainda as oportunidades e ameaças do ecossistema português, fornecendo recomendações não só para as empresas em fase de arranque, mas também para os atores nacionais e europeus sobre como reter e maximizar o talento.

As 25 ‘Scale Ups’ portuguesas distribuem-se pelas quatro áreas com maior potencial de crescimento, nomeadamente as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), CleanTech & Industrial, Consumer & Web e Medical & Health IT.

20% destas empresas já não têm a sua sede em Portugal, apesar de terem começado aqui o seu negócio. Porém, a deslocalização não cortou os laços com o país de origem, a maioria das empresas que ‘emigraram’ mantêm em Portugal escritórios, ou mesmo o seu núcleo de atividade principal. Esta transferência é muitas vezes o resultado de um movimento estratégico para explorar mais oportunidades, e quase sempre a opção de destino é condicionada pela origem do capital de investimento.

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Scale Ups são empresas que crescem muito rapidamente (pelo menos 20% ao ano) em número de funcionários ou receita, em, pelo menos, três anos consecutivos.

Na verdade são startups que depois de terem validado a sua hipótese de modelo de negócio e resolvido todos os desafios de arranque, revelam um crescimento exponencial, acima da média das restantes startups e por isso integrando-se num grupo restrito de empresas com elevado potencial. Daí que este relatório apresente três rankings para o Top25 das Scale Ups portuguesas: pelo total de capital angariado, pela receita total e pela taxa de rentabilidade de capital. São três perspetivas para aferir o valor de uma empresa.

VeniamWorks lidera a tabela de capital angariado, com 29,9 milhões de dólares, 360Imprimir é a número 1 em receita total (9,6 milhões de dólares) e TTR – Transactional Track Record está no topo com a maior taxa de rentabilidade (7,3 milhões de receita para um investimento inicial de 1,36 milhões de dólares).

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Segundo o relatório, estas 25 startups são representativas ‘do que é preciso para ser bem-sucedido’ dentro do ecossistema empreendedor português. Alguns dos elementos-chave estudados incluem a estrutura de financiamento, perfis de investidores, emprego e modelos de negócios de inicialização, entre vários outros elementos.

O estudo concluiu que o ecossistema de inicialização português tem uma perspetiva de crescimento e desenvolvimento ‘emocionante’, apesar de alguns desafios que ainda precisa vencer.

Como fator positivo o relatório destaca a posição de vanguarda da maioria das principais startups emergentes em Portugal, baseadas em tecnologia. As áreas de CleanTech & Industrial, ICT e Consumer & Web parecem ser as mais promissoras em Portugal e a indústria portuguesa CleanTech, em particular, pode mesmo vir a liderar o setor na Europa, na próxima década.

Em Portugal, a indústria CleanTech pode mesmo vir a liderar o setor na Europa, na próxima década.

As startups bem-sucedidas em Portugal sustentaram o seu sucesso na fonte de financiamento e numa grande equipa. Além disso, as aceleradoras e incubadoras desempenham um papel importante no seu desenvolvimento.

Relativamente ao financiamento, o relatório destaca a falta de investidores nacionais, colocando assim uma potencial ameaça à retenção de talentos, conservação de lucros ou mesmo do desenvolvimento de negócios dentro do ecossistema português. Essa ameaça é tão mais preocupante quanto o fato das startups portuguesas, contribuírem significativamente para a geração de empregos altamente qualificados.

Ainda existem desafios significativos para as empresas em fase inicial de negócios em Portugal, entre elas a burocracia, com numerosos regulamentos e taxas, além de elevados custos adicionais na criação de empresas. De salientar ainda a poucas mulheres entre os membros fundadores de startups portuguesas.

DESAFIOS E OPORTUNIDADESnPortugal é conhecido por seus talentos de qualidade e também pelos salários que permitem que esses talentos sejam adquiridos A baixo custo. Isso é particularmente interessante para novas empresas, que geralmente não dispõem de muitos recursos financeiros e tem sido uma das razões que mais tem atraído startups estrangeiras ao país.

Todavia não há ainda visibilidade suficiente para o ecossistema de inicialização português. Existe uma grande diferença entre startups portuguesas e empresas em ecossistemas mais desenvolvidos, como os Estados Unidos. O ecossistema português ainda está ‘na infância e precisa de tempo para se desenvolver’.

Mas o relatório destaca uma oportunidade ‘vibrante’ para Portugal nas Clean-Tech. A Clean-Tech pode ser considerada a tecnologia do futuro, na medida em que trata principalmente da sustentabilidade e das mudanças climáticas, os avanços estratégicos registados nesta área podem posicionar Portugal entre os líderes globais desta economia, no futuro mais próximo.

Existe também um consenso sobre a qualidade do talento em Portugal, especialmente na engenharia. Daí que se considere oportuno solidificar a consistência desse talento de qualidade e incentivar seu crescimento através de medidas transversais à educação, incentivo ao emprego e recrutamento, entre outros. Igualmente o envolvimento das mulheres no ecossistema de arranque de startups em Portugal deve ser melhorado, atraindo para a economia uma maior participação feminina, que já é significativa no mundo académico.

O papel das aceleradoras no ecossistema de arranque português é relevante no sucesso das startups. Embora as suas contribuições de investimento possam ser insignificantes, o seu valor agregado faz deles a ponte para investimentos bem-sucedidos. Já os investidores nacionais devem ser encorajados a juntar-se a esse esforço no apoio das jovens empresas nacionais, para reduzir a fuga de negócios para o estrangeiro, em resultado de um forte financiamento internacional.

Para melhorar esse investimento o ‘Portuguese Scale Up Report’ recomenda a redução da burocracia governamental e a criação de novas politicas que facilitem os negócios e incentivem os investimentos de capital. Um dos principais problemas para o ecossistema português é a sua falta de visibilidade. Não há divulgação suficiente dos negócios bem-sucedidos em Portugal. Falta uma divulgação mais agressiva dos pontos fortes da economia nacional.

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