Automação nas contratações: o novo equilíbrio do mercado laboral em 2026

A automação nas contratações redefine reforços e reduções de equipas nas empresas portuguesas em 2026.

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A automação nas contratações irá influenciar de forma decisiva as decisões de reforço e redução de equipas em Portugal em 2026, segundo os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey para o primeiro trimestre do ano.

A Projeção para a Criação Líquida de Emprego situa-se nos +19%, de acordo com o estudo divulgado pelo ManpowerGroup. As intenções de contratação recuperam para níveis próximos dos registados no início de 2025, apesar de os empregadores indicarem que pretendem contratar, em média, menos pessoas do que no trimestre anterior, na ordem de sete para quatro colaboradores.

O equilíbrio entre crescimento e prudência torna-se evidente na distribuição das expectativas: 38% das empresas planeiam aumentar equipas, 42% manter e 17% reduzir. Portugal permanece, contudo, na metade inferior da tabela global, cinco pontos percentuais abaixo da média internacional.

Para Rui Teixeira, country manager do ManpowerGroup Portugal, este dinamismo moderado resulta de fatores internos positivos, como a revisão em alta do crescimento do PIB e a estabilidade da taxa de desemprego. “A melhoria no rendimento disponível e o reforço do investimento do Plano de Recuperação e Resiliência alimentam uma procura interna mais robusta”, afirmou. Ainda assim, alertou que a abertura da economia portuguesa torna inevitável a exposição à incerteza geopolítica: “O sentimento melhora, mas mantém-se cauteloso, com contratações estratégicas que favorecem competências críticas.”

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Automação nas contratações: quando crescer implica reconfigurar equipas

O crescimento das empresas continua a ser a principal razão para contratar, mencionado por 42% dos empregadores, seguido de necessidades associadas a projetos específicos ou novas iniciativas. Este cenário confirma o papel da expansão de negócio como motor de criação de emprego.

Paralelamente, a automação nas contratações começa a redefinir as estruturas laborais. O estudo revela que 24% das empresas reduzem efetivos devido à automação e à consolidação de processos, tornando esta a principal causa nacional de diminuição de equipas — acima dos fatores económicos. Esta tendência reforça a ideia de que os avanços tecnológicos já não só impulsionam novas funções, mas também eliminam outras, num processo de reconfiguração contínua do mercado laboral.

A tecnologia, no entanto, também cria oportunidades: 17% das organizações afirmam que irão contratar precisamente porque necessitam de novas competências para gerir sistemas automatizados ou digitalizar operações.

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Setores e regiões revelam ritmos distintos de transformação

O setor de Comércio & Logística lidera as intenções de contratação, com uma Projeção de +29%, acompanhado pela Indústria (+26%) e por Finanças & Seguros (+24%). Estes valores sugerem que as áreas que combinam forte pressão operacional com modernização tecnológica estão a absorver mais talento.

No extremo oposto, as empresas de Tecnologia e Serviços de Informação apresentam uma Projeção moderada de +10%, mas com o subsetor de Tecnologia & IT a destacar-se com +36%, sinal claro de recuperação após meses de abrandamento.

A nível regional, a Região Sul surge como o território mais otimista (+30%), seguindo-se o Centro (+24%) e o Norte (+16%). As Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto registam valores positivos (+17% e +11%) embora inferiores aos observados no ano anterior.

No recorte por dimensão empresarial, as Grandes Empresas entre 1000 e 4999 trabalhadores apresentam as expectativas mais elevadas (+25%), enquanto Microempresas e organizações com mais de 5000 trabalhadores evidenciam maior prudência.

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A transformação global e o posicionamento de Portugal

Globalmente, o estudo revela uma Projeção de +24%, com o Brasil, Índia e Emirados Árabes Unidos entre os mercados mais dinâmicos. Na Europa, observa-se uma ligeira melhoria, contrastando com o abrandamento contínuo da América do Norte.

Portugal mantém um desempenho positivo, mas distante das economias mais expansivas, reforçando a importância de estratégias internas que respondam ao ritmo global de transformação tecnológica.

O impacto crescente da automação nas contratações confirma que os empregadores estão a privilegiar perfis capazes de lidar com sistemas digitais, otimização de processos e análise de dados. Mais do que aumentar equipas, muitas organizações procuram consolidar competências essenciais para ganhar eficiência e competitividade num contexto em rápida evolução.

O mercado laboral português entra assim em 2026 num equilíbrio delicado: entre resiliência e incerteza, entre criação e redução de postos, entre automação e valorização humana. A capacidade de adaptação será determinante para o desempenho das empresas e para a evolução das trajetórias profissionais.

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