Os portugueses consumiram mais em 2024 e demonstraram maior confiança financeira, segundo o ConsumerSignals Annual Report 2024 da Deloitte. A percentagem de consumidores que se sentia financeiramente confortável subiu para 37%, enquanto mais de metade dos jovens entre os 18 e 34 anos acreditava que a sua situação iria melhorar em 2025 — mais seis pontos percentuais do que no ano anterior.
A análise, baseada em inquéritos mensais a mil consumidores nacionais, revela que a recuperação do consumo foi acompanhada por uma gestão orçamental controlada. O lazer, a restauração e a eletrónica registaram ligeiros aumentos de despesa, enquanto habitação e supermercado perderam peso relativo nos gastos.
Entre as estratégias de poupança, destacou-se a redução do desperdício alimentar (52%, mais 10 pontos percentuais face a 2023) e a preferência por marcas próprias (45%, mais nove pontos). Apesar de alguma estabilização nos preços, a perceção de inflação manteve-se elevada, sobretudo nos combustíveis (71%) e na restauração e supermercado (67%).
No setor automóvel, a intenção de compra de veículos caiu para 15%, dois pontos percentuais abaixo de 2023, com a decisão marcada por critérios de racionalidade financeira. A adesão aos veículos elétricos permaneceu baixa, devido ao preço e à perceção de valor.
No turismo, os portugueses privilegiaram alojamento (43%) e viagens de avião (34%), mas com opções mais económicas, como companhias low cost e estadias em locais centrais a preços acessíveis. A maioria mostrou preferência por viajar em época baixa e para destinos mais distantes.
Segundo João Paulo Domingos, Partner e líder da indústria de Consumer na Deloitte, “os portugueses consumiram de forma seletiva, dentro de um orçamento controlado, refletindo maior consciência face à instabilidade mundial e à escalada de preços”.