Mais de metade das empresas em Portugal admite enfrentar sérias dificuldades na contratação de talento qualificado, conclui o ManpowerGroup Employment Outlook Survey, que identifica a complexidade técnica das funções como um dos principais entraves.
De acordo com o estudo, 55% das organizações portuguesas reconhecem obstáculos na atração de candidatos adequados, percentagem acima da média global (46%). Além da escassez de perfis qualificados, um terço das empresas nacionais refere que a elevada exigência técnica das funções é um fator crítico, enquanto um quarto considera urgente melhorar a experiência do candidato durante o processo de recrutamento.
A limitação de recursos e a pressão para reduzir prazos de contratação são outras dificuldades recorrentes. Já o impacto da inteligência artificial nos processos de seleção é, por agora, menos expressivo em Portugal: apenas 17% das empresas referem desafios na adoção destas ferramentas, contra 23% a nível mundial.
Por setores, a falta de talento qualificado é o problema dominante, mas em áreas como Energia e Utilities a maior barreira está na contratação para funções altamente técnicas. Serviços de Comunicação e Tecnologias de Informação revelam ainda maior sensibilidade ao uso de IA pelos candidatos.
Apesar destes constrangimentos, 51% das empresas portuguesas dizem confiar nos seus processos de recrutamento. Contudo, a perceção dos candidatos não coincide: quase metade afirma sentir-se ignorada durante a procura de emprego e 30% consideram as candidaturas demasiado morosas e frustrantes.
O levantamento global do ManpowerGroup envolveu mais de 40 mil empregadores em 42 países e confirma a crescente distância entre a visão otimista das empresas e a realidade vivida pelos candidatos.