Geração Z desafia mercado de trabalho com ambição e mobilidade

Geração Z no mercado de trabalho revela ambição, mobilidade e receios sobre o impacto da Inteligência Artificial.

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A Geração Z está a transformar o mundo do trabalho. O relatório The Gen Z Workplace Blueprint: Future Focused, Fast Moving, publicado em setembro de 2025 pela Randstad Global, revela que estes jovens profissionais permanecem, em média, apenas 1,1 anos em cada emprego nos primeiros cinco anos de carreira — menos de metade do tempo registado pelas gerações anteriores. Mais do que desinteresse, esta mobilidade traduz uma ambição orientada para o futuro e a perceção de falta de oportunidades de progressão.

Entre a ambição e a instabilidade

Segundo o estudo (realizado entre 30 de junho e 14 de julho de 2025, com 11.250 participantes em 15 mercados), 85% da Geração Z considera os seus objetivos de longo prazo decisivos na avaliação de novas oportunidades, mas o mercado apresenta sinais contraditórios. As vagas de entrada caíram 29% desde janeiro de 2024, com maior impacto na tecnologia (-35%), finanças (-24%) e logística (-25%). A escassez de percursos claros alimenta a rotatividade: 54% destes jovens estão ativamente à procura de emprego e apenas 11% planeiam permanecer a longo prazo na função atual.

Apesar de 79% afirmarem que aprendem novas competências rapidamente, 41% não têm confiança em encontrar outro trabalho. Esta dualidade entre confiança digital e insegurança profissional gera o que a Randstad descreve como um “paradoxo geracional”.

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Inteligência Artificial: oportunidade e ameaça

A relação com a Inteligência Artificial (IA) é igualmente marcada por contrastes. Mais de metade dos profissionais da Geração Z (55%) já recorre à IA para resolver problemas no trabalho, 50% utilizam-na na procura de emprego e 75% para aprender novas competências. Ao mesmo tempo, 46% temem que a tecnologia ameace as suas carreiras — uma preocupação crescente face ao impacto da automação nas funções de entrada.

As desigualdades de acesso à formação em IA acentuam esta tensão: 46% dos homens receberam treino nesta área, contra apenas 38% das mulheres. Como sublinha o relatório, este desequilíbrio pode comprometer a equidade no futuro do trabalho.

O dilema da lealdade

A alta mobilidade da Geração Z não deve ser confundida com falta de empenho. O estudo mostra que 68% destes jovens esforçam-se por ter bom desempenho nas funções atuais, ainda que planeiem sair em breve. Para muitos, a lealdade está a ser redefinida: sem percursos de progressão visíveis e recompensas tangíveis, o compromisso torna-se temporário.

“Cabe às empresas criar percursos de carreira claros, programas de desenvolvimento inclusivos e estratégias de aprendizagem digital-first que ajudem os jovens a prosperar e a permanecer mais tempo nas organizações”, afirma Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad Portugal.

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O desafio para as empresas

O relatório conclui que a retenção da Geração Z exige uma mudança estratégica das organizações. As empresas devem oferecer vias de progressão transparentes, ambientes de trabalho inclusivos e formação adaptada ao estilo digital desta geração. A alternativa é ver aumentar as taxas de rotatividade e agravar a escassez de talento.

Para a Randstad, a Geração Z não é um problema a resolver, mas uma oportunidade de inovação. Com ambição, fluência digital e abertura à aprendizagem, estes jovens podem redesenhar o futuro do trabalho — desde que as empresas estejam dispostas a acompanhá-los.

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