A integração da inteligência artificial (IA) nos ambientes de trabalho está a acelerar e promete redefinir o papel dos profissionais nas organizações. Segundo um novo estudo global da Salesforce, a adoção de agentes de IA deverá crescer 327% até 2027, levando a um impacto profundo nas estruturas laborais, com os líderes de recursos humanos a planear a redistribuição de quase um quarto dos seus profissionais.
A análise, que envolveu 200 executivos de RH em diversos setores, revela que os agentes de IA poderão representar um ganho médio de 30% na produtividade e uma redução de 19% nos custos com trabalho. Ainda assim, apenas 15% das organizações já implementaram totalmente esta tecnologia e 73% dos colaboradores não têm ainda plena consciência de como o trabalho digital irá impactar as suas funções.
A transformação digital do trabalho, impulsionada pela IA generativa, é encarada como um imperativo estratégico pelas equipas de recursos humanos. Oito em cada dez líderes de RH consideram que, dentro de cinco anos, a maioria das equipas será composta por humanos a trabalhar lado a lado com agentes digitais. O desafio está agora em preparar essas mesmas equipas para esta nova realidade.
O estudo destaca uma forte aposta na requalificação. Mais de 80% dos líderes de RH já iniciaram, ou planeiam iniciar, programas de formação para capacitar os seus profissionais com novas competências, tanto técnicas como comportamentais. As funções que exigem capacidades interpessoais, como a gestão de parcerias e contas, estão entre as que mais valor irão ganhar nesta nova economia digital.
Ao mesmo tempo, o estudo antecipa uma reorganização da estrutura organizacional. Embora se preveja que 61% dos trabalhadores mantenham as suas funções atuais em articulação com a IA, cerca de 23% serão reafetos a novas posições. Esta estratégia de redistribuição é considerada mais económica e eficiente do que contratar novos perfis externos.
Do ponto de vista operativo, os líderes de RH antecipam crescimento nas áreas de TI, vendas e investigação e desenvolvimento, à medida que as organizações se equipam para a adoção da IA. A literacia digital, especialmente em inteligência artificial, surge como a competência mais valorizada no curto prazo.
Apesar do entusiasmo, persistem barreiras. Mais de metade dos líderes de RH ainda reconhece obstáculos como a falta de compreensão por parte dos trabalhadores e a ausência de uma estratégia clara de implementação. No entanto, há uma convicção generalizada de que o sucesso futuro passará pela combinação equilibrada entre pessoas, tecnologia e novas formas de trabalho.