Inventor também é startup!

Inventor é startup?

Cada inventor é a pura representação de uma startup. Ele está criando algo novo a partir da sua engenhosidade, porém, o seu esforço é travado pela lei e cultura do Brasil de separar radicalmente os direitos e o valor de inventores dos demais empresários.

Se a gente pensar em startup como sendo começar algo inovador em qualquer área ou ramo de atividade, podemos dizer sem frescura que um inventor trabalhando sozinho no porão de sua casa também está startupeando.

Ele é a pura representação de uma startup. Sua iniciativa, observação e engenho estão fazendo com que crie algo novo, original o bastante para ser possivelmente lucrativo. Só que, da mesma forma que uma ideia de produto ou serviço idealizado por uma empresa nascente, o ‘Eureca’ do inventor – se ele pretende ganhar dinheiro com isso – tem de ser validado!

É aí que geralmente os problemas começam. Há pessoas com muita sensibilidade para a criação e para a identificação de necessidades quotidianas, não por formação – mas por vocação!

Pessoas que seriam capazes de, com a parceria certa, criar, fabricar e comercializar uma infinidade de serviços/produtos. O problema é que são tipos, muitas vezes anónimos, que não tem conhecimento técnico, nem estrutura laboratorial para desenvolver sua ideia e apresentá-la a contento a um mercado que já não é tão receptivo, por várias razões. E no Brasil não existe programa que apoie, no sentido exato desta palavra, o inventor independente – pessoa física – com recursos para que ele possa realizar um estudo de viabilidade técnica e económica de seu projeto e desenvolvimento de um protótipo físico.

Há quem sempre sugira instituições como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e Fundações Estaduais de Amparo ao Ensino e à Pesquisa. Mas os programas de apoio são voltados apenas para empresas, pessoas jurídicas com CNPJ, como se o foco devesse estar somente em empresas e não na inovação e qualidade do projeto, que – nascido ou não dentro de uma empresa – pode ajudar as pessoas e trazer muito imposto de renda ao país, graças aos royalties que o produto criado e blindado com a patente pode gerar.

Culpa da Lei de ‘Inovação’ e da Lei de Propriedade Industrial em vigor, que trazem míseros benefícios e pouquíssima valorização e incentivo ao trabalho de inventores independentes. Essas instituições e a legislação parecem não ter entendido que o que traz dinheiro ao país, gera empregos, e fomenta a economia não são necessariamente novas empresas. Estas também têm o seu papel, é óbvio, mas o foco precisa estar mais também no valor que se pode agregar.

O inventor, sendo detentor de sua patente e mesmo sem qualquer empresa constituída – sequer sendo microempreendedor individual – pode estimular empresas a fabricarem e comercializarem sua patente, dentro e fora do País, e isso gera empregos, renda, e impostos que mantêm toda uma sociedade.

As invenções

É curioso, mas vejam só: de acordo com a Organização Mundial de Propriedade Intelectual, mais de 60 % de tudo o que foi inventado ou aperfeiçoado no mundo até hoje foi a partir de inventores autónomos. Outra estimativa aponta que menos de 3% de tudo o que é inventado no mundo consegue chegar ao mercado. No Brasil, não há a preocupação com uma boa ideia vinda de anónimos, pessoas físicas. Se você não está conveniado a um centro de pesquisa, universidade ou qualquer outra empresa privada, não receberá um centavo do governo e terá de trilhar um caminho solitário, pedregoso e quase sempre demorado até encontrar – se encontrar – um parceiro para seu projeto.

‘Se vire nos 30’!

Por essas e outras, inventor precisa de pelo menos um pouco de conhecimento em design, protótipos, patentes, materiais, produção, importação e exportação, análise de custos, marketing, gestão empresarial, direitos de contratos… Com isso ele consegue melhorar sua linguagem e seus dados na hora de apresentar seu projeto a um empresário que venha a ter interesse em explorar sua patente.

Experimento isso o tempo todo: você tem que ser teimoso, mas flexível, um equilíbrio difícil. E tem de estar preparado e se acostumar com respostas do tipo:’não temos capital’, ‘já temos nossos próprios projetos’, a ‘crise está feia’, ‘não trabalhamos com essa linha de produtos’, ‘não trabalhamos com licenciamento’, ‘não queremos ter de buscar clientes, fornecedores, para este produto’, ‘trabalhamos só sob encomenda’, e por aí vai.

A falta de conhecimento de novos produtos e dos benefícios de se explorar uma patente de um inventor é uma espécie de ignorância que custa ao comércio e à indústria milhões de reais anualmente. Quando a ideia do inventor comprova-se viável, é muito barato e lucrativo ao empresário fazer parceria com o inventor, principalmente se levarmos em conta a originalidade do projeto e exclusividade de produção e comercialização, estando livre de concorrência por até 20 anos. O empresário tem ainda valorização do património intangível de sua empresa, maior valor agregado e condições de enxugar os custos jurídicos de administração da patente, e os de P&D.

Então não podemos nos esquecer: embora ainda sobreviva o (empreendedores, startups, pequenas e médias empresas e administradores em geral), todos eles fazem parte de uma grande cadeia. Cada qual usando caminhos diferentes para chegar a um mesmo e costumeiro destino desejado: colocar seu sonho no mercado, crescer e fomentar a economia!

Artigo previamente publicado aqui

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