Investidores Institucionais Apostam na Sustentabilidade Face à Incerteza Geopolítica

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Um novo estudo da Schroders revela as principais tendências dos investidores institucionais para o ano de 2023, destacando um forte interesse em ativos privados e sustentabilidade. A pesquisa, que envolveu 770 investidores em 36 territórios, abrangendo um total de 34,7 biliões de dólares em ativos, fornece uma visão abrangente do panorama de investimento deste ano.

Entre as principais conclusões estão as preocupações com a incerteza geopolítica e a inflação. Mais de 50% dos entrevistados expressam apreensão sobre o impacto que estas duas variáveis poderão ter nas suas carteiras de negócio ao longo dos próximos 12 meses.

Ainda assim, cerca de 35% dos entrevistados planeiam aumentar a sua alocação em ativos privados nos próximos dois anos. Dois terços acreditam que essa classe de ativos oferecerá uma fonte mais consistente de diversificação. Também o investimento na transição energética é atrativo para o investimento. Quase metade dos investidores globais acreditam que as infraestruturas e os ativos renováveis estão melhor posicionados para aproveitar oportunidades de investimento a médio prazo na área da transição energética.

A necessidade de maior apoio para investimentos sustentáveis é uma preocupação em todos os mercados. Os investidores institucionais inquiridos dizem necessitar de mais apoio por parte dos seus gestores externos para os orientar nos investimentos sustentáveis e com impacto.

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Alterações nas Alocações em Resposta à Incerteza e Inflação

Os investidores estão a procurar aproveitar as oportunidades de investimento oferecidas pela transição energética, mas ainda demonstram preocupação com a incerteza geopolítica e a inflação, que continuam a influenciar as suas alocações financeiras. As mudanças demográficas, descarbonização e “desglobalização” também estão a moldar as decisões dos investidores, levando-os a considerar empresas com cadeias de abastecimento mais locais e a explorar oportunidades nos mercados desenvolvidos e no capital privado.

Os investidores veem na transição para a neutralidade carbónica uma oportunidade significativa. Mais de 67% acreditam que esta transição estimulará o investimento em inovação, criando oportunidades de investimento. Cerca de 41% planeiam aumentar as suas alocações em infraestrutura nos próximos 12 meses.

“Os mercados continuam a ser afetados por preocupações com o aumento das taxas de juro e receios de riscos recessivos. O estudo constatou que as alocações dos investidores institucionais em ações podem aumentar, à medida que procuram capitalizar as oportunidades apresentadas pelas tendências da “desglobalização”, da descarbonização e da demografia. Com receio de que a inflação e as taxas de juros permaneçam elevadas, as avaliações têm importância. Pode ser necessário um renovado foco nas avaliações em vez do crescimento especulativo”, salienta Johanna Kyrklund, Diretora de Investimentos do Grupo Schroders.

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Investimento Sustentável e de Impacto

Os investidores institucionais estão cada vez mais interessados em estratégias de investimento temáticas e de impacto. Mais de 60% acreditam que essas estratégias contribuirão para alcançar retornos financeiros a longo prazo e ter um impacto positivo nas pessoas e no planeta. As infraestruturas e a biodiversidade são as classes de ativos mais adequadas para atingir os objetivos de sustentabilidade e impacto, mas os investidores reconhecem a necessidade de métricas mais claras para medir o impacto.

Apesar de metade dos investidores já ter incorporado compromissos de neutralidade carbónica nas suas carteiras, cerca de 21% não têm intenções de fazê-lo. Investidores europeus são os mais comprometidos em alcançar a neutralidade carbónica até (ou mesmo antes de) 2050, enquanto a maioria dos entrevistados sem tais compromissos reside nos EUA.

Todavia, em todos os mercados, há um desejo de mais apoio para mensurar e monitorar o caminho rumo à neutralidade carbónica. Cerca de 49% dos investidores acreditam que é necessário um maior consenso em torno dos métodos de medição dos percursos para a neutralidade carbónica.

“Neste sétimo ano de realização do estudo, começamos a observar algumas novas tendências, que emergem à medida que os investidores continuam a prosseguir e evoluir na sua abordagem à sustentabilidade. Entre as tendências reveladas, importa destacar que os investidores institucionais estão cada vez mais focados nas exposições e impactos temáticos dos seus investimentos. Isto significa que estão agora mais dispostos a fazer uma abordagem mais flexível ao investimento sustentável do que no passado. Consideram cada vez mais a integração como um dado adquirido e, em vez dela, querem aproveitar oportunidades mais direcionadas”, explica Andy Howard, Diretor Global de Investimentos Sustentáveis da Schroders.

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A pesquisa da Schroders foi realizada pela CoreData e os inquiridos (770 a nível global) representam um amplo conjunto de instituições, incluindo planos de pensões corporativos e públicos, companhias de seguros, instituições oficiais, fundações e instituições de beneficência, que, conjuntamente, são responsáveis coletivamente por ativos no valor de 34,7 biliões de dólares. A pesquisa foi conduzida através de um extenso inquérito global durante maio e junho de 2023.

Este estudo destaca o ambiente complexo e desafiador em que os investidores institucionais estão a operar, com a necessidade de equilibrar a busca de retornos financeiros com preocupações ambientais e de impacto. A capacidade de medir o impacto e a necessidade de padrões mais claros são desafios contínuos para os investidores à medida que procuram estratégias de investimento mais sustentáveis e alinhadas com os desafios e oportunidades do mundo atual.

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