Receber um feedback negativo nunca é fácil. Pode ferir o ego, abalar a autoconfiança e, em muitos casos, levar-nos a questionar as nossas próprias capacidades. No entanto, quando olhamos com mais profundidade, este tipo de retorno pode ser um dos mais poderosos instrumentos de crescimento pessoal e profissional.
A experiência do “não”
Na minha trajetória, vivi isso de forma marcante. Participei numa entrevista que parecia decisiva para a minha carreira. Entrei confiante, mas saí com a sensação de fracasso. Durante dias, perguntei-me se teria o que era preciso para alcançar a vaga. O feedback foi direto: as minhas respostas eram pouco objetivas, transmiti insegurança ao defender ideias e não consegui relacionar bem as minhas experiências com a função.
Naquele momento, doeu. Mas, ao revisitar essas críticas, percebi que tinha recebido um verdadeiro mapa de desenvolvimento. Trabalhei os pontos destacados, ajustei a minha comunicação e preparei-me com mais foco para as oportunidades seguintes. Anos depois, reconheço que esse episódio foi um divisor de águas para o meu crescimento.

O que dizem os dados
As evidências reforçam que não estou sozinho nesta perceção. Um estudo da Harvard Business Review revelou que 72% dos profissionais acreditam que o seu desempenho melhorou significativamente após receber feedbacks construtivos, mesmo que inicialmente duros. Outro levantamento, da Zenger/Folkman, mostrou que 92% dos profissionais concordam que críticas construtivas, quando bem aplicadas, são eficazes para melhorar a performance.
Ou seja, embora a primeira reação seja rejeitar um feedback negativo, os números mostram que ele é essencial para a evolução. O desafio está em transformar a dor inicial em combustível para o crescimento.

Entrevistas falhadas como pontos de viragem
É comum encarar uma entrevista malsucedida como um obstáculo. Mas, na prática, pode tornar-se um marco. As falhas expostas com clareza obrigam-nos a olhar para aspetos que talvez nunca perceberíamos sozinhos. Uma entrevista falhada pode acelerar anos de autoconhecimento e lapidação profissional, desde que tenhamos a maturidade de receber, refletir e agir.

Do fracasso ao trampolim
O feedback negativo é, muitas vezes, um presente disfarçado. Dá-nos clareza sobre os nossos pontos cegos e convida-nos a evoluir. A dor do momento inicial pode ser substituída pela gratidão de quem percebe que cada crítica pode carregar um impulso em direção a algo maior.
Portanto, se recebeu recentemente um retorno duro, não o encare como uma sentença de incapacidade. Encare-o como uma oportunidade. Afinal, entrevistas falhadas podem, sim, ser mais valiosas do que as bem-sucedidas — desde que sejam usadas como trampolim para o próximo salto.