Preços das matérias-primas preocupam empresários portugueses

Estudo avalia confiança de empresários portugueses
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65% dos empresários portugueses aponta o preço das matérias-primas e a falta de mão de obra qualificada como os dois principais atuais desafios das suas empresas. Segundo o Barómetro Kaizen metade dos inquiridos estão otimistas e esperam que, face aos resultados obtidos até à data, a sua empresa atinja os objetivos estabelecidos para 2022.

Com a desaceleração da retoma, o grau de confiança na economia por parte dos empresários portugueses inquiridos sofreu uma ligeira descida, comparativamente à última edição do Barómetro Kaizen. O estudo, que semestralmente inquire gestores de empresas, revela que apesar do panorama pouco abonatório para a economia nacional, 80% dos empresários prevê cumprir ou ultrapassar os objetivos estabelecidos para 2022.

Ainda assim, a contínua volatilidade e incerteza dos mercados globais é uma realidade no atual contexto e 74% dos inquiridos admite que o aumento do preço das matérias-primas é uma das principais tendências que mais tem afetado o negócio. Por outro lado, 66% dos gestores aponta como outro grande desafio, a falta de mão-de-obra qualificada.

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Face ao crescimento acelerado da inflação os empresários portugueses têm apostado na automação de tarefas (50%) e na diversificação do sourcing de matérias-primas e componentes (43%) como as principais iniciativas para garantirem as suas margens.

Dentro do contexto inflacionista, ainda a realçar que o aumento dos preços de matérias-primas ou componentes é, para 49% dos gestores, o efeito mais significativo do aumento generalizado da inflação. Na segunda posição, 28% dos empresários posicionam o aumento da energia como outra consequência igualmente grave.

Outra preocupação são riscos de disrupção das cadeias de fornecimento, com 68% dos inquiridos a destacar como fator mais preocupante, a falta de materiais e/ou componentes de fornecedores, enquanto 47% apontam as dificuldades inerentes com transportes e entregas.

Para contornar estas vicissitudes e potenciar o crescimento da organização, 64% das empresas têm apostado na criação de novos produtos, serviços ou modelos de negócio e 52% tem optado por aumentar o valor acrescentado dos produtos potenciando valores de venda mais elevados.

Sustentabilidade oferece credibilidade e reputação institucional

A maioria dos empresários portugueses considera que, as organizações que lideram, têm impacto na comunidade e afirmam que as práticas sustentáveis são uma ambição estratégica. Nesse sentido, as temáticas de sustentabilidade têm uma preocupação cada vez maior e, grande parte das organizações, consideram as práticas sustentáveis uma ambição estratégica.

Apesar dessa perceção, apenas 54% dos inquiridos admite um grau de compromisso alto relativamente às políticas de ESG – Environmental, Social e Governance – enquanto 46% dos inquiridos admite que o seu grau de envolvimento nestas políticas ainda é médio ou baixo.

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Para desenvolver a sustentabilidade e garantir o cumprimento destas políticas, 56% afirma ter uma estratégia de ESG com iniciativas concretas de curto prazo, nas 3 vertentes, por outro lado, 7% dos inquiridos admite não ter ainda uma estratégia de sustentabilidade bem definida.

Dentro dos benefícios que as empresas esperam obter com a estratégia de ESG, a credibilidade e reputação institucional (81%) está no topo das espectativas dos gestores enquanto 50% espera, com isso, obter um argumento para reter e atrair talento com maior consciência ambiental e social. Contudo, apenas 18% aloca mais de 3% da sua receita em investimentos em sustentabilidade.

“Estamos a viver tempos conturbados onde a incerteza tem dominado as tomadas de decisão. A resiliência das cadeias de abastecimento está a ser completamente posta à prova e agora que já praticamente recuperamos o nível da procura para os valores pré-pandemia, a resposta tem sido ineficaz, acima de tudo porque apesar da falta de pessoas, matérias-primas ou materiais, os processos também não são robustos. A eficácia e a robustez de todos os processos devem continuar a ser um tema central nas organizações”, realça António Costa, CEO do Kaizen Institute.

“Antes da pandemia foi-nos permitido observar que a excelência operacional já não chegava para as organizações liderarem no seu setor, tendo as componentes de crescimento, marketing e vendas assumido um papel muito preponderante. Contudo, esta crise energética e de matérias-primas volta a reforçar que o OPEX nas nossas organizações é muito relevante e, daí, o perfil de respostas que obtivemos nesta edição do barómetro”, acrescenta.

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A inovação como eixo fundamental do crescimento

A inovação é o núcleo do crescimento do negócio e há cada vez uma maior aposta neste eixo para propiciar o crescimento das organizações. Neste âmbito, 62% dos inquiridos tem apostado na inovação nos processos da organização e 50% opta pela criação de novos produtos e serviços com base nas necessidades dos clientes.

No contexto da transição digital que temos vindo a atravessar, de realçar que 42%, definiu uma estratégia de transformação para a empresa como um todo e identificou os processos críticos, sendo que a estrutura e sequência destes processos foram otimizadas antes da sua digitalização.

O Barómetro Kaizen é um estudo de opinião desenvolvido semestralmente pelo Instituto Kaizen em Portugal junto de administradores e gestores de médias e grandes empresas sobre a sua perspetiva quanto a temas de atualidade, à evolução da economia e do seu negócio, perspetivando tendências e desafios.

Para esta edição, do primeiro semestre de 2022, foram inquiridos mais de 200 gestores que representam, no seu conjunto, mais de 35% do PIB de Portugal.

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