Procura de talento em TI: mais do que peritos, as empresas querem perfis adaptáveis

Estudo da Experis revela como os CIOs estão a redefinir funções e perfis para superar a escassez de talento em TI e sustentar a inovação.

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O setor das tecnologias de informação vive uma nova era. A transformação digital, acelerada pela inteligência artificial (IA), está a alterar profundamente os modelos de trabalho e as necessidades das organizações. Mas enquanto a tecnologia evolui rapidamente, o talento para a acompanhar escasseia. O estudo Experis 2025 CIO Outlook revela como os Chief Information Officers (CIOs) estão a responder a este desafio global.

Contratar para transformar: um novo paradigma de talento

Oito em cada dez CIOs (81%) afirmam estar a alterar os padrões de contratação. Em vez de perfis estritamente técnicos, procuram-se profissionais versáteis, com capacidade para integrar diferentes áreas tecnológicas e alinhar-se com os objetivos do negócio. A cibersegurança surge como a competência mais valorizada (46%), seguida da IA (35%) e do cloud computing (34%).

Contudo, é nas soft skills que reside o verdadeiro diferencial: colaboração, pensamento crítico e resolução de problemas tornaram-se essenciais para enfrentar desafios transversais. Mais de metade dos CIOs já incorporou competências de IA nas funções existentes e 42% combinam conhecimento técnico com pensamento estratégico em funções como a de business analyst.

Formar no terreno: a experiência como eixo de desenvolvimento

Apesar da escassez orçamental, continua a aposta no recrutamento externo: 44% das empresas recorrem a concorrentes como principal fonte de talento. No entanto, cresce a perceção de que o desenvolvimento de competências deve acontecer no terreno. Para 47% dos CIOs, a experiência concreta de trabalho é o meio mais eficaz de aprendizagem, seguida dos programas de formação promovidos pelas empresas (42%) e da formação presencial (35%).

Paralelamente, os programas universitários são considerados lentos a responder às necessidades do setor. As empresas estão a valorizar cada vez mais os cursos online, certificações especializadas e experiências autodidatas. Ainda assim, apenas 28% das organizações implementam programas regulares de formação em novas tecnologias.

Reconfigurar funções para vencer a escassez

Com 76% das organizações a reportar dificuldades em encontrar talento qualificado, os CIOs estão a adotar abordagens criativas: redesenham funções, expandem responsabilidades, promovem colaboração interdepartamental e valorizam perfis menos tradicionais, mas com elevado potencial de crescimento.

Nuno Ferro, Brand Leader da Experis, sublinha: “Cada vez mais vemos as empresas a procurar perfis abrangentes, que combinem expertise diversa, mas também soft skills que capacitem os trabalhadores para evoluir constantemente, trabalhar melhor em equipa, colaborar e compreender o negócio”.

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A lição dos CIOs: pessoas à frente da tecnologia

O estudo revela uma conclusão clara: o futuro da tecnologia depende das pessoas. A IA, o cloud computing ou a cibersegurança só gerarão valor se forem acompanhadas por talento capaz de as compreender, aplicar e adaptar. E esse talento exige mais do que diplomas: requer mentalidade de aprendiz permanente, capacidade de integração e visão estratégica. Neste contexto, a forma como as empresas vão investir em formação, redesenhar cargos e valorizar competências humanas será decisiva. A guerra pelo talento continua, mas o campo de batalha mudou: agora, ganha quem souber aprender e adaptar-se mais depressa.

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