O setor de Bens e Serviços de Consumo está a atravessar uma fase de redefinição. A instabilidade económica, as exigências dos consumidores e a transformação digital colocam os líderes do setor perante desafios cada vez mais complexos. Segundo o mais recente estudo Global Insights do ManpowerGroup, a resposta a este novo cenário passa por liderar com visão estratégica e foco nas pessoas.
Pedro Amorim, Corporate Sales Director do ManpowerGroup, sublinha que “a gestão de talento ganha uma relevância acrescida como eixo para acelerar a transformação e responder à volatilidade”. Numa altura em que o setor precisa de agilidade e inovação, o investimento em estratégias que valorizem o desenvolvimento e bem-estar dos trabalhadores revela-se determinante para o sucesso.
Acelerar a transformação digital com foco nas competências
A digitalização deixou de ser uma tendência para se tornar uma necessidade operacional. Tecnologias como inteligência artificial, big data e IoT prometem ganhos de eficiência e experiências de consumo mais personalizadas. No entanto, esta transformação encontra um obstáculo: a escassez de talento qualificado.
Os dados do Global Talent Barometer revelam que 36% dos trabalhadores deste setor não veem oportunidades de carreira nos seus empregadores atuais. Atrair e reter perfis especializados em áreas como analytics, IT, vendas omnicanal ou cibersegurança tornou-se, por isso, uma prioridade inadiável.
Experiência do cliente e talento: dois lados da mesma moeda
Os consumidores esperam interações mais personalizadas, e os colaboradores esperam lideranças mais empáticas e envolventes. Ambos os grupos exigem respostas adaptadas, o que obriga as empresas a alinhar marketing, tecnologia e operações numa lógica integrada.
O estudo destaca a importância de liderar com dados, respeitando a privacidade e garantindo segurança. Essa dupla exigência de inovação e responsabilidade reforça a necessidade de equipas multidisciplinares e atualizadas.
Reforçar cadeias de abastecimento e liderança local
Num contexto global volátil, a resiliência operacional tornou-se estratégica. Os líderes do setor estão a aproximar a produção dos mercados de consumo, o que implica novas necessidades de recrutamento e requalificação.
Para liderar esta transição, será necessário explorar novas fontes de talento e acelerar a formação para contextos mais automatizados. A capacidade de mobilizar recursos humanos qualificados poderá ditar o sucesso das estratégias de nearshoring.
Sustentabilidade como fator de diferenciação empregadora
As exigências em torno do desempenho ambiental e ético das empresas estão a influenciar tanto consumidores como candidatos. O relatório indica que 75% dos jovens investigam a reputação ecológica das marcas antes de aceitarem propostas de emprego.
A liderança do futuro será verde: os empregadores procuram perfis com competências em ESG, reporting e métricas de impacto. Reforçar a Proposta de Valor do Empregador com compromissos sustentáveis é cada vez mais uma ferramenta para atrair talento.
Cuidar das pessoas num tempo de incerteza
Os dados apontam para um setor com níveis elevados de stress e desconfiança. Quase metade dos trabalhadores refere sentir pressão diária e muitos revelam falta de confiança nas chefias.
Neste cenário, as empresas que conseguirem garantir formação, mentoria e equilíbrio pessoal terão vantagens competitivas no mercado de talento. A liderança torna-se, assim, um ato de cuidado — com o cliente, com o colaborador e com o futuro.