Uma metrópole para competir num mundo global

Um estudo desenvolvido pela Fundação Gulbenkian, Universidade do Porto e Câmara Municipal de Lisboa propõe um novo conceito territorial criando uma macrorregião urbana de Leiria a Sines e de Lisboa a Évora para fazer de Lisboa e da sua macrorregião uma plataforma para atrair operadores globais, tornando-a mais competitiva, numa lógica de marketing territorial, mas também de desenvolvimento regional.

A região urbana do Arco Metropolitano de Lisboa, proposta no estudo, não tem pretensões administrativas, nem fronteiras definidas, mas constitui um sistema interdependente de fluxos de pessoas e laços empresariais, numa área com mais de 4 milhões de habitantes. Esta iniciativa, que por enquanto está ainda na fase de reflexão, visa potenciar a rede de infraestruturas, industrias e serviços comuns para tornar a ‘marca Lisboa’ mais competitiva no contexto internacional.

‘O objetivo é posicionar Lisboa numa macrorregião que tem um conjunto de funcionalidades do ponto de vista económico, que nos podem tornar mais competitivos do ponto de vista internacional, e simultaneamente reforçam aquilo que é o nosso potencial exportador e de crescimento económico’, explicou ao Empreendedor, Duarte Cordeiro, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

‘Esta macrorregião já existe’, sublinha Duarte Cordeiro. ‘Esta área – que nós identificámos de Leiria a Sines, e de Lisboa a Évora – tem um conjunto de recursos e vantagens competitivas, que se distinguem, e as interações económicas entre elas são uma realidade para além das fronteiras administrativas’ frisa.

Para um investidor estrangeiro, Lisboa não acaba nos limites urbanos da cidade, mas é também Amadora, Loures, Odivelas ou Oeiras. Mesmo para um turista, Sintra, Cascais ou Caparica fazem parte da oferta turística de Lisboa. Do mesmo modo, para um operador naval, o porto de Sines faz parte da rede portuária de Lisboa.

‘O que pretendemos agora é cruzar esse potencial’ e ‘trazer conhecimento internacional para potenciar essa oferta, para criar oportunidades ou trabalhar ameaças que existam nessa região’ acrescenta Duarte Cordeiro. Pensar um novo território capaz de competir à escala global, e de relançar Lisboa como uma metrópole que é o polo de uma região de mais de 4 milhões de habitantes, para lá dos seus limites urbanos e de uma população de 500 mil lisboetas.

‘Lisboa é bastante competitiva a nível europeu’ mas, se à capital se adicionar toda a infraestrutura e recursos do Arco Metropolitano de Lisboa, obtêm-se ‘uma plataforma de referência onde se pensa e projeta o futuro da região’ defende Duarte Cordeiro. ‘Esta região tem condições para competir à escala global’, sublinha.

‘Nós, em Lisboa, temos feito um trabalho muito significativo no mapeamento dos recursos, quer na área do ecossistema empreendedor da cidade de Lisboa, onde identificámos todos os atores, mas também ao nível do conhecimento, das universidades e centros de investigação, ao nível das indústrias criativas e, de alguma maneira, esse trabalho tem potencial que deve ser visto não exclusivamente numa lógica de cidade mas numa lógica de uma área maior’, diz o vice-presidente da CML.

Esta macrorregião não tem existência formal ou administrativa, e pretende ser uma iniciativa estratégica de marketing, para posicionar a região de Lisboa à escala global, criando através dessa nova dimensão uma nova perspetiva para a capital portuguesa, e dessa forma, atrair investimento e criar condições para o desenvolvimento de projetos que promovam as exportações.

‘Claro que vai colocar-nos um conjunto de desafios, e a necessidade de cooperação e partilha. Portanto, de alguma maneira, o objetivo é fazer uma plataforma que se posicione ‘acima’ das fronteiras administrativas – e dos interesses de cada uma, ou dos agentes ou atores nacionais – com o objetivo de definir linhas de oportunidade e simultaneamente identificar potenciais fraquezas e trabalhar no sentido de as procurar suprimir’ frisa Duarte Cordeiro.

‘Mas o que interessa’ sublinha o autarca, ‘é estudar as tendências de futuro e cruzar essas tendências com o potencial desta macrorregião. Hoje em dia, o investimento estratégico vai para determinados territórios em função de horizontes temporais de muitos anos e, nesse sentido, implica que também aqui estejam estudados impactos estruturantes […] numa ótica de cooperação para valorização coletiva da região, mas também de resiliência, coesão social e oportunidades que venham a existir’.

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