Muitos dos avanços científicos desenvolvidos por investigadores e empreendedores europeus acabam por não sair do laboratório. No setor da saúde, este fosso entre ideia e implementação é particularmente desafiante: os hospitais operam em sistemas complexos, com exigências regulamentares e ciclos de aquisição morosos, dificultando o acesso de startups com soluções inovadoras. Para ajudar a mudar este cenário, o programa EIT Health InnoStars Awards oferece às empresas portuguesas financiamento, orientação estratégica e acesso a parceiros clínicos.
Promovido pelo EIT Health, organismo europeu dedicado à inovação em saúde, o programa apoia startups em duas frentes: Via de Validação e Via de Investimento, com financiamento até €18.000 e €12.000, respetivamente. O objetivo é claro: acelerar o acesso ao mercado, facilitar colaborações com hospitais e garantir que as soluções chegam aos doentes de forma eficaz. O ponto alto do programa é a Grande Final dos InnoStars Awards, em novembro, onde os finalistas apresentam os seus projetos a um júri internacional, podendo ganhar até €25.000.
A importância de trabalhar com hospitais
Um dos maiores desafios das startups de saúde é colaborar com instituições hospitalares. Para responder a essa dificuldade, o programa oferece um módulo específico de envolvimento hospitalar, com orientação sobre como abordar estas entidades, desenhar projetos-piloto realistas e navegar nos sistemas de aquisição. Esta componente é particularmente relevante em Portugal, onde o acesso ao sistema de saúde público e privado continua a representar uma barreira para muitas startups.
“Frequentemente, as empresas abordam os hospitais com uma excelente tecnologia, mas sem o enquadramento correto”, afirma Tamás Békási, responsável pelo programa. “Ajudamo-las a pensar na sua solução na perspetiva do hospital — que problemas resolve, como se integra nos cuidados, e quais os resultados clínicos relevantes.”
Validação precoce e investimento estratégico
A Via de Validação é pensada para equipas em fase inicial, que ainda estão a consolidar a sua proposta de valor. Além do apoio financeiro, as startups recebem formação prática baseada em simulações e acesso à Avaliação Precoce das Tecnologias da Saúde (eHTA). “Esta avaliação permite minimizar correções dispendiosas mais tarde e reduz o risco de fracasso”, explica Rok Hren, investigador sénior do Syreon Research Institute.
Já a Via de Investimento dirige-se a startups mais maduras, com ambições de escalar ou captar investimento. Para além de €12.000, os participantes beneficiam de formação em pitch para investidores e sessões práticas com especialistas da área.
Casos de sucesso em Portugal
Portugal tem sido palco de casos exemplares no âmbito do programa. A Glooma, criadora de um dispositivo para monitorização da saúde mamária em casa, garantiu financiamento público e privado após a sua participação, e é hoje uma das startups mais promissoras da saúde digital nacional. Já a Fetalix destacou-se com a sua investigação em biomateriais regenerativos, com aplicação no tratamento de dores crónicas da coluna vertebral.
Inovação que atravessa fronteiras
O impacto dos Prémios InnoStars vai além de Portugal. A startup ucraniana CheckEye, por exemplo, usa inteligência artificial para detetar sinais precoces de doenças oculares em diabéticos. Depois de participar no programa, multiplicou por oito as suas subscrições pagas e estabeleceu parcerias na Áustria, Ucrânia e Albânia.
Candidaturas abertas até 19 de maio
As startups interessadas em fazer parte do programa podem candidatar-se até ao dia 19 de maio, através do site oficial: https://eithealth.eu/programmes/innostars-awards/