Em vez de apostar na sorte, é possível investir em inovação com estrutura, método e retorno previsível. Essa é a premissa do Digital Insight Fund, apresentado em Lisboa a 8 de julho, numa parceria entre a Insight Venture, sociedade gestora de capital de risco regulada pela CMVM, e a Union Venture Builders, braço de construção de startups da Union Capital. O novo fundo nasce com um objetivo ambicioso: captar 10 milhões de euros e investir de forma estratégica e disciplinada no ecossistema digital e tecnológico.
Se a Insight Venture se destaca pelo seu compromisso com a transição para uma economia sustentável, investindo com visão e controlo efetivo sobre a gestão dos projetos, a Union Venture Builders traz à equação um modelo único de venture building, focado na criação e estruturação de startups desde o zero, garantindo que chegam ao investimento prontas para escalar.
“O risco não está em investir cedo. Está em investir às cegas”, afirmou Carlos Mendes, CEO da Union Capital Hub, durante o painel de apresentação. Esta é a essência da parceria: reduzir o risco early-stage através de análise rigorosa, preparação estratégica e apoio ativo aos fundadores.
Menos entropia, mais liquidez: os cinco pilares do novo fundo
Com menos de 6% dos fundos europeus a atingir um DPI de 3x, o Digital Insight Fund propõe um modelo assente em cinco pilares: validação, estratégia, planificação, investimento e execução. A ambição é clara: transformar capital de risco em valor sustentável, apoiando startups com provas dadas, fundadores preparados e modelos de negócio validados.
A experiência acumulada das duas entidades permite uma abordagem completa: desde a avaliação técnica e estratégica dos projetos até ao apoio contínuo na gestão, estruturação de equipas e posicionamento de mercado. “O nosso papel não é só investir. É garantir que a startup está preparada para ser investida e crescer com consistência”, sublinhou Mónica Mendonça, CEO da Insight Venture.
Gestão de risco e aposta na estruturação: fundadores no centro
Para Mónica Mendonça, a seleção de projetos exige “planeamento de gestão e organização”. Muitos fundadores de startups chegam com competências técnicas, mas sem rumo claro. É aí que o papel das venture builders se torna essencial, ao preparar o projeto com o planeamento e a documentação que os investidores exigem. A estrutura do fundo reflete esse princípio: só há retorno quando há um “exit”, e a distribuição de dividendos aos investidores começa a partir do terceiro ano.
A qualificação da equipa fundadora é, para a gestora, decisiva: “Não invisto em alguém que não se esforçou para obter uma qualificação académica. Génios existem, mas são exceção.”
Carlos Mendes reforça a importância da cofundação por parte da venture builder: “Estamos do lado do projeto desde o primeiro dia. Isso dá segurança aos outros investidores — porque investimos juntos.”
Um fundo temático dentro de uma estratégia mais ampla
O Digital Insight Fund é um dos quatro subfundos do Insight Venture, que tem como meta captar 130 milhões de euros para o fundo global, sendo que destes, 10 milhões serão destinados especificamente ao Digital Insight Fund, orientado para a área digital, com foco em spin-offs, tecnologias de saúde, novos estilos de vida digitais e comércio do futuro.
A Insight Venture é a entidade gestora do fundo, com o Bankinter como banco depositário e a BDO como auditor. A Union Builder prepara as startups na fase de pre-seed.
O pragmatismo como ponte entre fundadores e investidores
Um dos maiores desafios no financiamento de startups é o desalinhamento de expectativas entre fundadores e investidores. Mónica Mendonça destacou a importância de traduzir o potencial do negócio em termos compreensíveis para o mercado. “Os fundadores estão apaixonados com a ideia. Os investidores querem retorno.”
É esse pragmatismo — aliado a um apoio estratégico e operativo — que define a abordagem do Digital Insight Fund: investir com método, apoiar com conhecimento e construir com impacto.
