Desemprego jovem: Investir na articulação entre as empresas e instituições de ensino

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O elevado desemprego jovem é um problema que afeta Portugal e Espanha e que tem sido alvo de grande preocupação nos últimos anos. As taxas de desemprego entre os jovens até aos 25 anos de idade nestes países são o dobro da taxa de desemprego global, o que é preocupante e pode ter consequências graves para o futuro dos dois países ibéricos.

Existem várias causas para o elevado desemprego jovem nos países ibéricos, sendo uma delas a emancipação tardia dos jovens. Em Portugal e Espanha, muitos jovens só saem de casa dos pais perto dos 30 anos de idade, o que é muito mais tarde do que em países do norte da Europa, onde os jovens são incentivados a fazê-lo mais cedo.

Outra causa para o desemprego jovem é a baixa percentagem de trabalhadores-estudantes. Os cursos profissionais e os cursos superiores, com forte aplicabilidade prática nas empresas, são escassos em Portugal e Espanha, o que torna mais difícil para os jovens entrar no mercado de trabalho mais cedo.

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A reduzida oferta de estágios curriculares para os jovens enquanto frequentam os seus cursos académicos é outro fator que contribui para o elevado desemprego neste grupo etário. Os estágios são uma forma importante de os jovens adquirirem experiência e competências, mas em Portugal e Espanha a oferta deste tipo de oportunidades de entrada no mercado de trabalho é limitada.

Além disso, a crescente sobrequalificação dos jovens que concluem o ensino superior atualmente, é uma realidade que, paradoxalmente, também pode contribuir para o elevado desemprego jovem. Em Portugal e Espanha, a percentagem de jovens com um curso superior está cerca de 10 pontos percentuais acima da média dos jovens quadros licenciados nos outros países da União Europeia.

Outra causa para o elevado desemprego jovem é o desajustamento entre os cursos frequentados pelos jovens finalistas e as necessidades das empresas nos dias de hoje. As empresas têm falta de licenciados nas áreas das Tecnologias e Engenharias e quase não têm oportunidades de contratar jovens com cursos de Direito, Sociologia, Arquitetura, Relações Internacionais, História, entre outras áreas.

Por fim, os processos de downsizing empresariais tendem a privilegiar o despedimento dos jovens quadros, que por regra ganham menos, têm menos anos de casa e menos know-how crítico para as empresas.

Evolução do desemprego jovem em Portugal (Fonte: Banco de Portugal)

O elevado desemprego jovem em Portugal (19,9% no 4º trimestre de 2022) é, assim, um problema complexo que requer uma abordagem multidimensional. É necessário que os decisores políticos sejam levados a investir em cursos profissionais e cursos superiores com forte aplicabilidade prática nas empresas, e sejam aumentadas as políticas que promovam a os estágios curriculares para os jovens, e a formação em áreas onde há maior demanda por parte das empresas.

Para tentar solucionar esta problemática, é necessário que haja uma maior articulação entre as empresas e as instituições de ensino, ajustando os currículos académicos às necessidades e tendências do mercado de trabalho. É fundamental que as empresas estejam envolvidas no processo educativo, de forma a conhecer as competências dos estudantes e poder contribuir para a sua formação prática.

É também importante incentivar a emancipação dos jovens, designadamente através de programas de intercâmbio estudantil ou de estágios profissionais e fomentar a sua participação no mercado de trabalho desde cedo.

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Essa responsabilidade também deve ser exigida às empresas, de forma a criarem mais oportunidades de estágios e aprendizagens, para que os estudantes possam adquirir experiência profissional, colocar em prática os conhecimentos adquiridos na formação e prepararem-se para o mercado de trabalho.

Por fim, é necessário que se crie um ambiente propício ao empreendedorismo, para que os jovens possam criar o seu próprio negócio e gerar emprego para si mesmos e para outros jovens. O apoio ao empreendedorismo deve ser uma das prioridades dos governos e das empresas, de forma a estimular a criação de novas empresas e empregos. Só assim poderemos reduzir as taxas de desemprego jovem e garantir um futuro mais próspero para os jovens e para o país como um todo.

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