Musica: um negócio de milhões

Os festivais de música realizados este ano em Portugal somaram mais de 1,8 milhões de espectadores e, segundo a Associação Portuguesa dos Festivais de Música (Aporfest), o número de festivais aumentou 35 por cento em 2015 – com 210 festivais – mais 54 do que em 2014.

Os festivais de Verão são os que reúnem mais espectadores, com o Meo Sudoeste, na Zambujeira do Mar a ocupar o primeiro lugar: 188 mil pessoas nos cinco dias de concertos. O segundo lugar coube ao Nos Alive, em Algés, que atraiu 155 espectadores em três dias, enquanto o Festival do Crato, em Portalegre, somou 100 mil pessoas em quatro dias.

Para 2016 espera-se que a oferta continue a crescer, não apenas em número de festivais mas também na realização de grandes concertos dos maiores nomes da música mundial. Em maio os Muse (2 e 3) e Adele (21 e 22) e ainda o Rock in Rio (20, 21, 26, 27 e 28 de maio); em junho o Nos Primavera Sound (de 09 a 11, no Porto) e o Sumol Summer Fest (24 e 25, na Ericeira); em julho o Nos Alive (07, 08 e 09, em Algés), os Iron Maiden (11 de julho) o Super Bock Super Rock (14 a 16, em Lisboa) e o Meo Marés Vivas (14 a 16 de julho, em Gaia); em agosto o Meo Sudoeste (03 a 07, na Zambujeira do Mar) e o Vodafone Paredes de Coura (de 17 a 20 de agosto). Mas a estes festivais e concertos há que juntar ainda centenas de outros, mais pequenos, espalhados por todo o país e com uma diversificada oferta de géneros musicais.

Na organização destes festivais estão grandes empresas especializadas nas organização deste tipo de eventos, mas em torno delas há dezenas de empreendedores com projetos que apoiam, ou aproveitam o impulso destes grandes espetáculos para fazer crescer o seu negócio.

A Go For Music é um desses projetos que aposta no turismo musical para encontrar um nicho de operador turístico especializado na organização de viagens para festivais e eventos de musica realizados em Portugal. O Empreendedor.com falou com Ana Luísa Costa, a promotora do projeto atualmente incubado no Centro de Inovação da Mouraria (CIM) que se enquadra na área do turismo musical.

‘A ideia surgiu no ano letivo de 2011/2012, quando frequentava a Pós-Graduação em Marketing Musical no ISCSP (Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas), tendo sido a base do meu trabalho final. Naquela altura a transformação do mercado musical – com a transição para o digital – era muito evidente, e assistia-se à proliferação e incremento dos festivais de música (e música ao vivo em geral).nPortugal não foi exceção e, independentemente do cenário de crise, este mercado tem continuado a crescer a um ritmo impressionante.’ Para Ana Luísa Costa o potencial turístico de Portugal é o principal trunfo, além da oferta musical. ‘Naturalmente que toda esta oferta contribuiu para a ignição desta ideia. Precisamos de mostrar esta realidade ao público internacional, que vai muito além do que é divulgado pelos meios de comunicação generalistas. O nosso país é maravilhoso (independentemente do que têm feito com ele), isso deve ser descoberto e nós vamos ajudar a que isso aconteça.’

O turismo musical não é uma novidade nos países onde há uma forte tradição na organização de espetáculos, embora seja pouco habitual em Portugal. Ana Luísa Costa espera que Go For Music consiga marcar a diferença. ‘A abordagem aos produtos e serviços no contexto da ‘Economia da Experiência’ veio engrandecer particularmente o sector do turismo que, no caso português, continua numa rota ascendente. Foi fácil juntar as duas áreas principalmente quando já existem exemplos tão fortes a nível internacional, com sucesso, associados ao fenómeno do turismo musical, como se verifica em Inglaterra e nos Estados Unidos, por exemplo.’

Apesar da agenda de grandes concertos e festivais, Ana Luísa Costa não vê neles a ‘alma’ do seu negócio: ‘O nosso foco é efetivamente outro. Queremos concentrar-nos em grandes bandas internacionais mas cuja grandiosidade pertence a um nicho e não a uma realidade mainstream. Estaremos focados em géneros e públicos mais específicos, a nossa prioridade não estará centrada nos eventos dirigidos a 55 mil pessoas mas, por outro lado, interessam-nos festivais com uma lotação para 1000 pessoas (só a título de exemplo).’ O objetivo é proporcionar a descoberta da nossa cultura e dos locais que acolhem os eventos, mas também dos artistas e bandas que se movem num circuito mais particular. ‘Queremos propor alternativas verdadeiramente diferenciadas, em locais improváveis e através de uma experiência exclusiva. A divulgação da música portuguesa e de festivais com esse cariz também será um dos nossos focos.’

Como é habitual no empreendedorismo, o percurso de arranque não foi fácil. Só três anos depois de ter delineado o projeto é que foi possível passá-lo à prática, em 2014, com uma bolsa ao abrigo do programa ‘Passaporte para o Empreendedorismo’ do IAPMEI. Mesmo agora, na fase de preparação do teste de mercado, o parceiro turístico com que contavam acabou por desistir. ‘Ou seja: procuramos um parceiro, nomeadamente uma Agência de Viagens ou um Operador Turístico’ explicou Ana Luísa Costa.

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