Sérgio Ribeiro da Planetiers: “O mercado é um bicho mimado”

A Planetiers é uma plataforma que reúne projetos empresariais com preocupações ambientais. Atuando como um marketplace onde apresenta e divulga soluções que já existem no mercado, o objetivo é servir de intermediário, entre os prestadores de serviços e os clientes que podem ser famílias ou empresas.

Fundada por Sérgio Ribeiro (CEO) e Carlos Carvalho (COO), com a missão de ‘salvar o planeta’, a equipa conta ainda com mais três pessoas: Pedro Carreira na Gestão da Comunidade de Vendedores, Diogo Ribeiro no desenvolvimento da plataforma e Mariana Amaro na Comunicação Digital.

A plataforma foi um dos projetos revelação para representar a inovação portuguesa, na última edição do Web Summit, mas só este ano foi formalmente lançada online.

O Empreendedor falou com Sérgio Ribeiro sobre o projeto que alimenta os seus sonhos desde 2013.

Como surgiu a ideia?

Tudo começou com algo bem diferente do que é a Planetiers. O projeto nasceu quando eu e o Carlos, em meados de 2013, discutíamos melhores formas de informar e alertar o utilizador sobre os seus consumos elétricos. Trabalhámos, desenvolvemos um primeiro conceito… E falhámos!

Mas não desistiram…

Evoluímos para uma ideia de consciencialização e educação ambiental mais interativa e direcionada para as crianças. Queríamos ser disruptivos, mas a tecnologia existente no mercado ainda não permitia a sua implementação… Não resultava. Foi este processo sucessivo, durante 4 anos, que deu origem ao que é a Planetiers, nascida em 2016. Tornou-se claro para nós que a área da sustentabilidade e ambiente carecia de uma plataforma que fosse agregadora dos vários produtos ecológicos no mercado. Era difícil tomar decisões sustentáveis, até agora. A Planetiers arranca com o objetivo se ser o mercado online de referência nesta área.

O que vos motivou a tomar essa decisão?

Encontrar um problema que fizesse sentido. Que fizesse sentido para o mercado, para a sociedade e para nós. E resolvê-lo. É um ‘porquê’ muito forte e que sabemos que é essencial para os dias de hoje e para os dias de amanhã. Só com uma razão muito forte é possível tornar-se empreendedor – a ideia de criarmos um dos veículos chave para esta transformação sustentável, urgente, era o motor para nos fazer levantar da cama cedo, nos obrigar a fazer viagens de madrugada, conduzir mais de 600km para tomar um café e apresentar a ideia, ou até esperar 4 horas à porta de um restaurante para nos cruzarmos com pessoas que acreditávamos serem essenciais para avançar com esta missão…

O mercado é um bicho mimado – tem que ser tudo como ele quer, onde quer e quando quer…

Precisaram de fazer um investimento avultado? Como conseguiram disponibilizar esse capital?

Até ao momento gastámos cerca de 30 mil euros, desde as primeiras ideias de 2013. Destes 30mil euros, cerca de 15 mil foram para o atual projeto Planetiers. Na época pré-Planetiers estes custos foram muito alocados às inúmeras viagens para vender a ideia, reuniões, ouvir o mercado e tentar proteger legalmente a propriedade intelectual. Já os custos neste último ano de desenvolvimento da Planetiers foram direcionados para o desenvolvimento da plataforma, viagens e comunicação. Todo este capital veio de outros trabalhos (incluindo part-time e estágios) que eu e o Carlos conseguimos acumular com as responsabilidades de fundadores do projeto.

Quais foram os maiores obstáculos que encontraram?

Não ter a ideia certa. Ao início temos sempre a certeza de que aquilo que idealizámos é perfeito para o mundo e o mercado. Os maiores obstáculos foram, sem dúvida, mentais durante todo o processo de aprendizagem sobre a falha e a aceitação e superação da mesma. É necessário perceber como fazer muito com pouco, e isso requer paciência e persistência até encontrar o caminho certo.

Ser empreendedor é ter bons e maus momentos, pode recordar alguns?

Gostamos do conceito de micro-falhas e micro-sucessos. É importante reduzir o primeiro e celebrar sempre que possível o segundo. Os maus foram vários… Desde ir ‘beber um café’ de 30min a mais de 300km e voltar sem qualquer resultado (no imediato), a momentos que parece que estamos sem direção e sem caminho possível de sucesso. A verdade é que todos estes ‘maus momentos’ trouxeram consciência do mercado e aprendizagem. Sem eles não estaríamos onde estamos. Os bons foram, sem dúvida, a criação da empresa, as primeiras receitas e o lançamento oficial da plataforma, que foi um sucesso…

Que aprendizagem retira que possa ser inspiradora para outros empreendedores?

Costumo dizer que o mercado é um ‘bicho mimado’ – tem que ser tudo como ele quer, onde quer e quando quer. É importante ter esta noção, aceitá-la e usá-la a nosso favor. Há momentos em que tudo parece perdido – a ideia que tiveram já existe, o conceito que imaginaram não está a ser bem recebido no mercado – mas é preciso acreditar que em todos os problemas há uma oportunidade e é apenas nessa oportunidade que nos temos de focar.

Quem os aconselhou nas fases iniciais do projeto?

Família, amigos, potenciais clientes e até mesmo pessoas completamente estranhas ao projeto. Numa fase inicial é muito difícil absorver toda a informação e todas as opiniões que vêm das pessoas. Ouvimos de tudo, desde o crédito ao descrédito e acreditamos que essa seja também uma das grandes dificuldades do empreendedor – ouvir as opiniões mais variadas e saber filtrar, selecionar e casar as melhores com as que já tem pré-definidas. Em fases posteriores, já de desenvolvimento, juntaram-se a este leque de conselheiros a Startup Lisboa e outros players com experiência nesta área.

Em todos os problemas há uma oportunidade

Que soluções propõe a vossa plataforma?

É urgente facilitar que o consumidor tome decisões mais sustentáveis para o ambiente. O mercado ecológico já tem uma dimensão enorme, está a crescer a um ritmo alucinante e a informação dos produtos e soluções mais responsáveis está dispersa, exigindo muito tempo ao utilizador para conhecer o que existe. A Planetiers permite que o utilizador encontre as melhores soluções para si, para o ambiente e as compre todas de uma só vez, num só sítio. Os vendedores, por sua vez, podem beneficiar de uma comunicação centralizada e qualificada para todos aqueles que sabem que podem fazer a diferença em função das suas decisões.

Mas como é que isso se reflete nas necessidades dos vossos clientes?

As pessoas conscientes do nosso impacto no ambiente já representam uma grande fatia da nossa sociedade, principalmente nos mais jovens, mas faltava a resposta para a questão que todos colocam: ‘Quero um planeta mais sustentável! Mas como posso contribuir?’. A Planetiers pretende ser o ponto de encontro da oferta e da procura desde mercado urgente e necessário, uma resposta imediata a esta questão abordando todos os sectores.

Quais são os fatores diferenciadores da Planetiers?

A abrangência de setores na área da sustentabilidade e o mecanismo de informar e direcionar o utilizador para a soluções que mais lhe convém. Estamos a implementar um sistema de filtros que permite ao utilizador escolher qual o impacto ambiental que deseja ter e a Planetiers devolve-lhe as soluções que tem para esse fim.

Têm estratégia de internacionalização?

Sim, pretendemos otimizar ao máximo a nossa plataforma aqui em Portugal, ainda durante este ano, para que no final de 2017 iniciemos o processo de internacionalização.

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