Bioenergia avançada cresce para 747 mil toneladas em 2024

Bioenergia avançada cresce para 747 mil toneladas em 2024 e reforça papel na transição energética.

Imagem de Freepik

A bioenergia avançada atingiu 747 mil toneladas em 2024, o valor mais elevado desde 2020, reforçando a sua importância na matriz energética nacional.

O setor da bioenergia avançada alcançou, em 2024, um total de 747 853 toneladas equivalentes de petróleo, um crescimento de 14,5% face ao ano anterior. Os dados constam do sexto relatório anual da Associação de Bioenergia Avançada (ABA), que sublinha a transformação estrutural do setor e o papel decisivo das matérias-primas residuais, responsáveis por cerca de 88% das emissões de CO₂ evitadas no transporte.

Segundo a associação, os biocombustíveis produzidos a partir de resíduos e outras matérias-primas avançadas assumem hoje centralidade na transição energética. Para Ana Calhôa, secretária-geral da ABA, “a bioenergia avançada representa uma alternativa crucial, estratégica e certeira para a descarbonização de setores onde a eletrificação é ainda inviável”, destacando que a procura tem aumentado e que Portugal está a viver “uma verdadeira transformação no setor energético”.

O relatório evidencia que, em 2024, as matérias-primas avançadas passaram a liderar a produção nacional, representando 68% do total e 84% das importações. Oleínas ácidas, resíduos agrícolas e florestais e subprodutos industriais consolidaram-se como pilares desta nova cadeia de valor, com mais de 90% dos biocombustíveis nacionais a terem origem residual. Já os biocombustíveis de primeira geração, derivados de soja, colza ou palma, recuaram para um papel residual, alinhando Portugal com metas europeias de sustentabilidade e economia circular.

O documento reforça igualmente o potencial do biometano, cuja importação aumentou 196% em 2024. Ana Calhôa afirma que “Portugal ainda está numa fase inicial face a outros países da União Europeia, mas estamos a assistir a uma mobilização crescente das empresas, com novos projetos e investimentos a expandirem o setor”.

Os dados do primeiro trimestre de 2025 mantêm a tendência positiva. A produção de soluções de co-HVO já superou os valores registados no período homólogo e o crescimento das importações de biometano, HVO e co-HVO indica um mercado mais diversificado e resiliente, com maior orientação estratégica para a sustentabilidade.

A evolução registada alterou também o equilíbrio entre produção e importação. Até 2023, a produção nacional representava mais de 75% do mercado; contudo, em 2024, Portugal importou 350 981 metros cúbicos de biocombustíveis, contra 396 872 metros cúbicos produzidos internamente. A ABA explica esta mudança com a procura crescente por soluções avançadas e a adaptação a critérios de sustentabilidade mais rigorosos.

A associação destaca ainda que a transposição da diretiva RED III será determinante para consolidar metas, criar segurança jurídica e atrair investimento. A clarificação regulatória deverá reforçar a competitividade nacional e posicionar Portugal na linha da frente da bioenergia avançada.

Com 25 entidades associadas, a ABA afirma querer fortalecer o seu papel na promoção do setor, ampliando parcerias e incentivando inovação para responder aos desafios da transição energética e às oportunidades de crescimento já identificadas.

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