Inteligência Artificial vai marcar o futuro da Medicina

Foto do National Cancer Institute no Unsplash

A economia global poderá criar 40 milhões de novos empregos no setor da saúde até 2030 mas, apesar desse crescimento, a Organização Mundial da Saúde prevê que nesse ano o mundo tenha menos 9,9 milhões de médicos, enfermeiros e parteiros. Nessa perspetiva, o novo relatório do EIT Health alerta para a necessidade urgente de se apostar em tecnologias de Inteligência Artificial (IA) e no digital, para dar resposta às necessidades que vão ser geradas nos sistemas de saúde de toda a Europa.

O Think Tank do EIT Health lançou um novo relatório dedicado à Inteligência Artificial (IA), cujas conclusões apontam para uma necessidade urgente de se fomentar uma revolução tecnológica pós-pandemia. O estudo considera, ainda, a necessidade de desenvolver as interações entre humanos e máquinas, para melhorar os sistemas de saúde.

Realizado a partir de uma série de mesas-redondas com especialistas europeus que exploraram o tema “Trabalho na Saúde e Transformação Organizacional com a IA”, o novo relatório da EIT Health identifica uma série de áreas que devem ser impactadas, seja a nível europeu e nacional, nomeadamente, no contexto da pandemia COVID-19, de modo a maximizar o potencial da IA e da tecnologia nos cuidados de saúde.

 “Os resultados do Relatório do Think Tank revelam mensagens claras e consistentes sobre como impulsionar a IA e a tecnologia no interior dos sistemas de saúde europeus. Já sabemos que a IA tem o potencial de transformar os cuidados de saúde, mas precisamos de trabalhar de forma rápida e cooperante para a integrar nas atuais estruturas de saúde europeias”, refere Jan-Philipp Beck, CEO da EIT Health.

“O desafio da pandemia contribuiu, sem dúvida, para acelerar o crescimento, adoção e importância da IA. É fundamental manter esta dinâmica, de modo a garantir que os benefícios para os sistemas de saúde se repercutirão a longo prazo e os ajudarão a responder aos desafios futuros, algo que nos beneficiará a todos”, acrescenta.

As principais recomendações incluem uma maior colaboração e intercâmbio de boas práticas em toda a Europa, para apoiar a integração da IA, melhorar a educação e as competências, e desenvolver modelos financeiros baseados nesta tecnologia que contribuam para uma poupança de custos a longo prazo.

A um nível europeu mais amplo, o EIT Health continua a insistir numa maior robustez nas infraestruturas de dados, que assegurem uma partilha de informação entre os Estados-Membros e os sistemas de saúde, e permitam aos especialistas rastrear doenças, bem como diagnosticar de forma mais célere e desenvolver novas e melhores soluções baseadas em IA.

médicos observando tomografia num computador
Foto de Günter Valda no Unsplash

Falta formação em Tecnologia nos cursos de Medicina

Os peritos e as comunidades médicas concordam que continuam a faltar disciplinas dedicadas a tecnologias, como a IA, na maioria dos currículos dos programas académicos de medicina. Os avanços nestas áreas tecnológicas podem ser benéficos para os sistemas de saúde atuais, simplificando os trabalhos de rotina e permitindo que os trabalhadores da linha da frente passem mais tempo em cuidados de saúde.

Um estudo conjunto entre o EIT Health e a McKinsey, publicado em 2020, sublinha que a automatização da IA pode ajudar a aliviar a escassez de recursos humanos, acelerar a investigação e a evolução de tratamentos que salvam vidas, bem como a reduzir o tempo gasto em tarefas administrativas.

Os desafios da próxima década podem tornar os sistemas de saúde insustentáveis e a estratégia europeia de cuidados de saúde universais estará ameaçada. Mudanças estruturais e transformacionais, são necessárias e a IA pode salvar o setor e automatizando tarefas rotineiras, repetitivas e administrativas, o que pode ajudar a diminuir em cerca de 70% o tempo habitualmente gasto pelos profissionais da saúde nestas funções.

“É urgente, não só atrair, formar e reter mais profissionais de saúde, mas também garantir que o seu tempo seja despendido onde realmente acrescenta valor: a cuidar dos doentes”, sublinha Miguel Amador, Responsável do EIT Health InnoStars em Portugal. “Um dos maiores desafios será formar profissionais com conhecimentos para interagir com a tecnologia e utilizar soluções de IA. Surgirão novas funções que liguem a Ciência Médica ao Data, e serão necessários técnicos especializados na interação entre homem e máquina para a tomada de decisões clínicas, algo que ajudará ao fluxo de trabalho nos setores que integrem inteligência artificial.”

Nesse sentido o EIT Health, juntamente com a GE Healthcare e outros Parceiros de Saúde, tem promovido um programa de formação, com objetivo de colmatar a lacuna de competências entre os profissionais do setor. O HelloAI RIS Online é uma formação online para estudantes universitários e investigadores de faculdades de medicina, engenharia e gestão, que estejam interessados em trabalhar na área dos cuidados de saúde e dispostos a saber mais sobre tecnologias de IA. Nos últimos três anos, mais de 800 participantes foram formados pelo HelloAI RIS Online.

O curso é liderado pela GE Healthcare e apoiado pelo Royal Institute of Technology de Estocolmo e pelo Instituto Técnico Leitat. A partir deste ano, também a Universidade de Maastricht, a Universidade de Debrecen, e o acelerador HealthVentureLab vão juntar-se ao programa, o qual, em conjunto com o EIT Health, ajudará a criar um valioso ecossistema de talentos europeus atentos aos benefícios da IA.

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