A Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL) juntou-se à Coligação Contra o Stalkerware, com objetivo de melhorar a capacidade das forças de segurança em todo o mundo na investigação da utilização de programas de stalkerware e no apoio às vítimas que necessitem de ajuda.
Este tipo de software, que permite vigiar secretamente outras pessoas através do telemóvel, ou outros dispositivos, converteu-se numa ameaça real em constante evolução, estando também relacionado com a violência doméstica. O controlo de uma pessoa através do seu telemóvel ou computador é uma forma de violência e faz crescer o medo entre as vítimas, numa altura em que a violência doméstica tem vindo a agravar-se desde o início da pandemia, chegando a ser considerada pelas Nações Unidas como uma “pandemia na sombra”.
Os membros que integram a Coligação Contra o Stalkerware em todo o mundo e que trabalham com as vítimas registaram um grande aumento no número de casos de violência doméstica e abuso tecnológico, durante o ano de 2020. Além disso, uma pesquisa da Kaspersky detetou que cerca de 54.000 utilizadores de telemóveis da empresa foram afetados por stalkerware, a nível mundial, ao longo de 2020, estando a Rússia, o Brasil, EUA, Índia e México no topo da lista dos países mais afetados.
No que diz respeito a Portugal, em 2020, foram identificadas 127 vítimas de stalkerware, colocando o país na 12ª posição a nível europeu e, a nível global, na 54ª, no que respeita à lista dos países mais afetados por stalkerware. Apesar de se ter registado uma ligeira descida face ao ano de 2019, onde foram identificadas 187 vítimas, esta forma de ciberviolência continua a ser um problema.
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Ação global contra o crime cibernético
A Coligação Contra o Stalkerware é uma iniciativa global que visa oferecer apoio às vítimas de violência doméstica, combater o abuso e assédio, através da criação e utilização de stalkerware e aumentar a sensibilização pública para este problema. Desde a sua criação, a coligação tem vindo a crescer e conta atualmente com mais de 35 membros por todo o mundo, que têm sido uma ajuda fundamental no combate e na formação contra este tipo de ameaças.
Formada por agências internacionais de apoio direto às vítimas, bem como por empresas de cibersegurança, a coligação procura reunir um leque diversificado de organizações para abordar ativamente o comportamento criminoso cometido através de stalkerware e para sensibilizar o público para esta ameaça crescente.
“Consideramos que todas as partes implicadas deveriam unir-se para lutar contra esta prática de abuso universal. Dado que as forças de segurança devem ser capazes de identificar e de dar resposta à ameaça que o stalkerware representa, é uma excelente notícia podermos contar com a INTERPOL, que vai trabalhar com a comunidade mundial em torno dos problemas da violência doméstica, da vigilância não consentida e dos abusos. Com a INTERPOL e restantes parceiros, vamos lutar para garantir que ninguém volte a ser vítima de stalkerware”, assinala Tara Hairston, representante oficial da Coligação Contra o Stalkerware e diretora de Assuntos Públicos (América do Norte) da Kaspersky.
Adicionalmente, a INTERPOL irá promover sessões formativas desenvolvidas pela Coligação Contra o Stalkerware nos seus 194 países-membros, com o objetivo de melhorar a capacidade de investigação sobre a utilização de stalkerware, apoiar as vítimas que solicitem ajuda e responsabilizar os autores dos crimes.
“A INTERPOL assumiu o compromisso de apoiar a Coligação Contra o Stalkerware na luta contra os abusos, stalking e assédio cometido através do uso de stalkerware. Com este fim, vamos continuar a sensibilizar a comunidade mundial e as forças de segurança para este tipo de crimes”, reforça Craig Jones, diretor de cibercrime da INTERPOL.
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Os membros da coligação concentram os seus esforços para gerar resultados reais através desta colaboração, incluindo a melhoria da deteção técnica de stalkerware; o desenvolvimento de uma amostra de stalkerware e de um mecanismo de partilha de informação e metadados; e a realização de um conjunto de seminários informativos e assistência técnica para apoiar as organizações que trabalham com vítimas de violência doméstica e outras pessoas afetadas por stalkerware.
Além da INTERPOL e da Kaspersky também integram a coligação organizações e empresas como a Avira, Electronic Frontier Foundation, European Network for the Work with Perpetrators of Domestic Violence, G Data Cyber Defense, Malwarebytes, The National Network to End Domestic Violence, NortonLifeLock, Operation Safe e Weisser Ring, entre outras.