Transformação Digital: as pessoas não vêm com um manual de instruções

Foto de Russ Ward no Unsplash

Falar de transformação digital ou transição digital são coisas diferentes, e se continuarmos a usar as duas expressões sem a devida panaceia, corremos o sério risco de retirar valor à mudança mais importante do seculo XXI.

Dizer que “vivemos um novo normal” já começa a ser banal, pelo que não pretendo fazer uma abordagem do tema per si, mas procurar explicar que a mudança faz parte da nossa vida no planeta, desde que temos registos da nossa atividade enquanto espécie organizada e atualmente dominante.

A nossa organização produtiva assenta em entidades que chamamos “empresas”. As empresas organizam-se para entregar produtos ou serviços que as pessoas necessitam e estão dispostas a pagar para os obter. Desde sempre que as melhores empresas se destacam pelo valor percebido no mercado do que produzem e pelo valor acrescentado dos seus produtos. Para tal, a inovação e produtividade são essenciais. É aqui que, atualmente, entra a transformação digital, fortemente apoiada pela tecnologia.

Como gestor, há 28 anos, esta é a minha/nossa preocupação. Como é que a adoção das tecnologias digitais pode ajudar nas profundas transformações dos negócios, numa perspetiva de restruturação de processos, redução de custos, aumento da eficiência e até criação de novos modelos de negócio.

a transformação digital só funciona se tiver a tecnologia e as pessoas certas

Num mercado corporativo cada vez mais conectado e movido a dados, a transformação digital é uma realidade consolidada que só funciona se tiver a tecnologia certa e as pessoas certas. Sim, as pessoas. Sempre, em primeiro lugar, as pessoas. Sendo a transformação digital uma via sem retorno, cheia de oportunidades e ameaças, a verdade é que só com as pessoas na centralidade desta transformação é que conseguimos colocar tudo em prática e alcançar a almejada produtividade.

Foto de Ross Findon no Unsplash

O desenvolvimento das pessoas deve assentar, em primeiro lugar, em possibilitar a sua transição digital, por mais analógicas que possam parecer as suas tarefas e responsabilidades, caso contrário rapidamente transformamos investimentos em custos. Temos de melhorar processos e formar os nossos colaboradores com níveis de qualidade elevados, eu diria até, de excelência.

“Curiosamente” foram revelados, recentemente, estudos que comprovam que as empresas aumentaram a sua produtividade em contexto de teletrabalho e, por inerência, graças às soluções digitais. Portanto, claramente verificamos que os processos e as equipas tornaram-se mais eficientes.

se queremos ter produtividade, então não descuremos o investimento na formação e no bem-estar

E as pessoas? As tais pessoas que fizeram crescer a produtividade? Foi lhes dada formação? O seu bem-estar foi pensado?

Não somos máquinas, nunca fomos e nunca seremos, felizmente. Não vou mencionar as estatísticas que existem no âmbito da saúde mental, porque é do conhecimento de todos os seus números assustadores. Quero apenas deixar claro que a transformação digital é para utilização das pessoas e com as pessoas. E se queremos ter produtividade, então não descuremos o investimento na sua formação e no seu bem-estar. Combatemos a pandemia com vacinas e medidas socioeconómicas, mas descuramos as medidas de desenvolvimento das pessoas, respetivas soluções de bem-estar, e, não menos importante, a comunicação em todas as suas vertentes.

Voltemos ao “velho” “novo normal” e à produtividade das organizações: a transição digital é, de facto, uma ferramenta poderosa na melhoria dos indicadores de produtividade, fruto da tecnologia associada e da “tecnologia humanizada”.

E o futuro? Como vai ser o futuro? Obviamente que todos esperamos voltar rapidamente ao normal (o que quer que isso signifique…).

A transformação digital é, sem dúvida, uma mudança de mentalidades que as empresas atravessam com vista a tornarem-se mais modernas, inovadoras e produtivas. Este foi o passo que já muitos deram e outros ainda irão dar, mas não se esqueça que os produtos e serviços tecnológicos vêm com um manual e obedecem a uma lógica subjetiva. As pessoas não. Portanto, olhe por elas. Olhe para a transformação digital e não descure a transformação das pessoas.

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