Empregadores nacionais menos otimistas em relação contratação

Evangeline Shaw no Unsplash

23% dos empregadores portugueses não acredita na retoma dos níveis de contratação pré-Covid e 40% ainda não sabe quando a sua empresa vai recuperar totalmente. O modelo de trabalho presencial continua a ser a opção a priorizar por 74% das empresas nacionais nos próximos seis a 12 meses. Nos casos em que trabalho remoto, é implementado, o bem-estar dos profissionais é a principal preocupação dos empregadores.

O estudo ManpowerGroup Employment Outlook Survey, mostra que apesar das perspetivas mais animadoras avançadas para as contratações do próximo trimestre, a incerteza e algum pessimismo continuam a ser as notas dominantes nas projeções dos empregadores relativamente à recuperação dos níveis de contratação pré-Covid.

A análise do ManpowerGroup revela que 23% dos empregadores não pensam vir a retomar os níveis pré-pandémicos, valor que aumenta em 7 pontos percentuais, quando comparado com o do trimestre anterior. Cresceu também, em 10 pontos percentuais, o número de empresas incertas sobre o futuro, com 40% a afirmarem ainda não saberem quando vão recuperar totalmente.

“Apesar das Projeções de contratação serem positivas para o terceiro trimestre, o impacto da terceira vaga da pandemia é notório no sentimento dos empregadores portugueses, que mostram agora menor confiança na capacidade de recuperar os níveis de contratação pré-Covid. Por outro lado, uma realidade que se torna interessante analisar é que esses mesmos empregadores encaram como cada vez mais positivo o regresso aos locais de trabalho, apresentando-o como necessário para a maioria da sua força de trabalho”, explica Rui Teixeira, Chief Operations Officer do ManpowerGroup Portugal.

“No futuro do trabalho que estamos a construir, esta posição terá sem dúvida de ser equilibrada com as expectativas dos trabalhadores, que claramente nos dizem que não querem perder a flexibilidade alcançada nos últimos meses. Vivemos um contexto onde se agrava a escassez de talento, e as opções de flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoa e profissional ganham por isso ainda maior relevância na construção de propostas de valor que possam atrair e comprometer os melhores profissionais”, sublinha.

Projeção de retoma com tendência negativa

Nesta vaga assistimos a uma redução do número de empresas que esperam recuperar a atividade de contratação no decorrer deste ano, situando-se agora nos 27%, e marcando uma quebra de 16 pontos percentuais relativamente aos 43% do trimestre anterior. Portugal denota ainda um maior péssimo que a região EMEA (Europa, Médio Oriente e África), onde 36% dos empregadores afirma poder recuperar os níveis de contratação ainda em 2021. Este sentimento é também confirmado pela maior percentagem de empregadores que não contam recuperar nunca os níveis pré-pandemia, com Portugal a registar 23% e a EMEA 16%.

As grandes empresas são as mais otimistas no que respeita à retoma dos níveis de contratação, com 43% a acreditar na retoma no decorrer de 2021. Mais pessimistas estão as micro e pequenas empresas, com 31% e 35%, respetivamente, a declarar não esperar recuperar nunca e apenas 20% e 13% a acreditar na retoma durante este ano.

Foto de Christina-Wocintech de Unsplash

A nível regional, a região Centro apresenta-se como a mais otimista, com 30% dos empregadores a esperar recuperar em 2021, sendo que, nas restantes regiões, esse valor supera também os 25%. Não obstante, a Sul, na Grande Lisboa e Grande Porto, observa-se igualmente um forte sentimento de desânimo, com 26% e 27% dos empregadores, respetivamente, a afirmar que não voltarão a alcançar os valores de contratação pré-Covid.

No que respeita à análise setorial, em todas as atividades, exceto a Indústria, a percentagem de empregadores não esperam recuperar nunca os níveis pré-Covid supera os 20%. Não obstante, existe algum otimismo quanto à retoma dos níveis de contratação, durante o ano de 2021, nas áreas da Indústria (40%), Restauração e Hotelaria (40%) e Finanças e Serviços (35%).

Regresso ao modelo 100% presencial

Para o período que se refere aos próximos seis a 12 meses, 74% dos empregadores portugueses pretendem privilegiar os modelos de trabalho presenciais, o que traduz um crescimento acentuado sobre os 40% registados no trimestre anterior. Esta preferência é até mesmo mais forte em Portugal do que na região EMEA, onde esta é a escolha de 67% dos empregadores.

A preferência pelo modelo 100% físico está, contudo, relacionada com um outro dado também recolhido no presente estudo, que indica que 68% dos empregadores afirmam que a maioria da sua força de trabalho – entre 76% e 100% – assume funções que só podem ser desempenhadas no local de trabalho.

Por outro lado, os modelos de trabalho híbridos serão a opção a adotar por 18% dos empregadores portugueses, um valor em forte quebra face ao trimestre anterior, altura em que eram a preferência de 34% dos inquiridos. Os modelos totalmente remotos mantêm-se estáveis, sendo adotados por somente 2% dos empregadores.

Embora conscientes da necessidade de os seus colaboradores terem de desempenhar as suas funções no local de trabalho, menos de 50% das empresas nacionais consideram vir a adotar soluções que tragam maior flexibilidade aos seus modelos de trabalho. Nos casos em que existe essa preocupação, a opção de horários de término e de início de trabalho ajustáveis é a modalidade mais referida (19%).

As soluções de flexibilidade pensadas pelos empregadores portugueses são assim inferiores às avançadas na região EMEA, onde 39% dos empregadores europeus quer adotar horários de início e fim flexíveis e 30% horários flexíveis condensados, valor bastante superior aos de 8% da realidade nacional.

Foto de Jenny Ueberberg em Unsplash

Bem-estar dos trabalhadores como critério de retenção

Quando questionados sobre os principais motivos de preocupação associados aos modelos de trabalho remoto, 25% dos empregadores portugueses, afirmaram estar relacionados com o bem-estar dos seus colaboradores, seguindo-se a produtividade (13%) e a colaboração (9%). No caso da região EMEA, a lista de apreensões não se altera, mas sim a sua ordem de importância, destacando-se a produtividade como a principal preocupação, referida por 20% dos empregadores, seguida da colaboração (15%) e do bem-estar (14%).

O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou mais de 45.000 empregadores em 43 países e territórios. As entrevistas foram realizadas durante as circunstâncias excecionais do surto de COVID-19, pelo que os resultados do estudo deverão refletir o impacto da emergência global de saúde e consequente perturbação económica.

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