Loja online: o que ninguém lhe conta sobre o envio de encomendas

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Há não muito tempo, aventurei-me a criar a minha loja online. Tinha uma ideia clara de como queria que ela fosse e da audiência que queria atrair.

O produto estava pronto e o feedback era excelente. Quanto ao resto – canja de galinha, era só uma questão de materializar o plano que vinha a idealizar ao mais ínfimo pormenor. Foi aí que percebi que me tinha escapado uma parte essencial a qualquer e-Commerce – os envios!

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Envios, a parte não tão glamourosa do e-Commerce

Os envios são uma das partes “ocultas” de uma loja online, algo que acontece nos bastidores sem darmos por isso.

Enquanto cliente, só temos de encontrar o que precisamos, fazer o pagamento e, por uma módica quantia, a encomenda chega à nossa casa. O que há de complicado nisso?

Mas os envios de encomendas são responsáveis por cerca de 40% dos custos inerentes à gestão de uma loja online e, por isso, merecem toda a nossa atenção.

Se eu voltasse atrás no tempo e começasse de novo, estes são os conselhos que gostaria que me tivessem dado:

os envios de encomendas são responsáveis por cerca de 40% dos custos de uma loja online

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Trabalhar com transportadoras pode ser desafiante

Rapidamente percebi que o posto dos correios, lento e apinhado, não era solução. Precisava de parceiros profissionais. Estas são as lições que aprendi:

  • Se não tiver um contrato com uma transportadora, os portes de envio são ridiculamente elevados. Será que as nossas encomendas são enviadas de limousine ou mimadas com champagne e caviar?
  • Se quiser fazer os seus envios com uma das principais transportadoras do mercado, prepara-se para preencher uma tonelada de papelada;
  • Se conseguir fazer um contrato – o que pode não ser fácil já que, inicialmente, o seu volume de vendas provavelmente não é impressionante – os portes de envio, embora melhores, ainda serão elevados;
  • Esqueça a ideia da automação dos envios, prepara-se para inserir manualmente cada uma das encomendas. Convencer a transportadora a automatizar a impressão das suas etiquetas de envio é essencial (a não ser que a ideia de introduzir montanhas de dados manualmente seja algo que lhe agrade…);
  • Se conseguir que a transportadora lhe ofereça processos automatizados, prepara-se para contratar programadores para fazer as integrações, porque aquilo que era suposto ser uma solução “chave-na-mão”… Bem… Não é!
  • Se quer permitir que os seus clientes façam devoluções com facilidade, boa sorte! Não existe nenhuma transportadora que o permita. Os artigos a devolver estarão à mercê dos seus clientes e serão enviados, garantidamente, pela transportadora mais barata que conseguirem encontrar. Para evitar isso, é fundamental investir na otimização da logística inversa;
  • Se planeia operar à escala mundial, certamente terá de trabalhar com mais do que um parceiro. Ou seja, repita os passos 1 a 5 para cada uma das transportadoras que for utilizar.

Como se costuma dizer, as coisas que parecem fáceis são as mais geniais. O que não lhe dizem é que, às vezes, para conseguir fazer essas coisas aparentemente fáceis e intuitivas, é preciso mais esforço e determinação do que para montar um Patek Philippe.

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Embalagens eficientes poupam dinheiro

Quem vende online não está só a vender um produto, vende também a comodidade de comprar na loja, a embalagem em que o produto é enviado e a forma como a encomenda chega ao destino.

Quando falamos em “portes de envio”, regra geral, pensamos em peso, ou seja: quilogramas e suas frações. O que nem sempre percebemos é que, quando as transportadoras dizem “quilo”, aquilo a que, de facto, se referem é ao peso volumétrico. No final de contas, não se trata dos “quilos”, mas daqueles metros cúbicos sorrateiros em que ninguém pensa. Por isso, se tiver de escolher entre mais do que uma opção de embalagem – opte sempre pela menos volumosa.

O tamanho importa: escolha sempre a embalagem menos volumosa

A localização do armazém é mais importante do que imagina

A internet, a globalização, e a normalização da ideia de trabalhar a partir de qualquer lugar faz-­nos acreditar que não importa o local a partir do qual gerimos o negócio. O que é verdade, se estiver disposto a pagar mais por isso.

Áreas remotas geralmente oferecem maior qualidade de vida a um preço mais baixo, mas fazem aumentar os custos de envio, porque as transportadoras cobram taxas adicionais pelas recolhas e entregas nestes locais. Além disso, os prazos de entrega serão superiores em pelo menos um ou dois dias.

Por outro lado, o envio regional é mais económico, portanto, a melhor localização para a sua mercadoria é perto dos seus clientes. Mesmo que tenha clientes do outro lado do mundo, estar perto de um aeroporto internacional ajuda a encurtar os prazos das entregas.

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Restringir geograficamente a base de clientes pode ser necessário

Um dos principais “iscos” no e-Commerce é a promessa de um mercado à escala mundial. Até percebermos que os envios de encomendas para certos destinos, mesmo que não tão distantes geograficamente, podem ser muito mais caros.

Prepara-se para as taxas adicionais e para as letras miudinhas dos destinos “remotos”. Para clarificar: “remoto” geralmente significa qualquer local a mais de 20 km de uma grande cidade. Se não está disposto a pagar mais por estes envios, restringir os locais de entrega pode ser necessário.

Para gerir o envio das minhas encomendas de forma eficiente, foi preciso muito esforço (leia-se: dor de cabeça, tempo e dinheiro. E eu estava no limite, em qualquer um dos três).

Eu queria uma solução pronta a usar, que fizesse com os envios de encomendas o que o Stripe faz com os pagamentos, ou o Shopify com as lojas online. Mas essa solução, na altura, não existia.

Felizmente, hoje já existem softwares capazes de automatizar e otimizar todas as etapas da logística e-Commerce e, se escolher bem, a maioria destes problemas nunca o afetará.

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Kaidi Tiitson nasceu e cresceu na Estónia e formou-se em economia e finanças. Viveu em diversos países, nomeadamente Espanha e Países Baixos, onde trabalhou durante vários anos na Agência Espacial Europeia como controladora financeira e, posteriormente, como gestora de riscos em Amsterdão e em Londres. Anos mais tarde, decidiu desenhar e produzir o seu próprio produto e estabelecer-se por conta própria. Isto levou-a a criar uma loja online para vender diretamente ao consumidor (D2C). À medida que as encomendas aumentaram, foi confrontada com as dificuldades inerentes ao processamento e ao envio das encomendas. Na busca por uma solução para este problema, detetou que não existia nenhuma aplicação capaz de facilitar todas as etapas pós-venda de uma loja online. Então, por que não criá-la? Foi aí que Kaidi decidiu criar a Outvio, em conjunto com o seu cofundador Juan José Borrás.

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