António Alegre: “A transição para o Digital deve ser um imperativo nacional”

António Alegre CEO das Páginas Amarelas
Foto: António Alegre CEO das Páginas Amarelas

Para António Alegre a transição do tecido empresarial português para o digital deve ser “um imperativo nacional”. Em entrevista ao Empreendedor, o CEO da Páginas Amarelas, defende um Estado mais interventivo na capacitação das empresas na sua migração para o digital.

O gestor considera que o país está muito atrasado “em termos de maturidade digital”, incentivos e apoios do Estado podem “criar um boost que ajude as PME a competir com empresas de maior escala”.

De acordo com os dados da ACEPI – Associação da Economia Digital, 60% dos portugueses passaram a consumir mais produtos online em 2020 do que no ano anterior; contudo, em média, apenas 27% das empresas portuguesas disponibilizam produtos e serviços através de comércio online.

“Ao considerarmos estes dados verificamos que existe uma discrepância muito substancial entre a procura e a oferta – o mesmo que dizer que o mercado não está a acompanhar as tendências de consumo, e quanto mais demorar na transição que se impõe, mais oportunidades de crescimento e consolidação se vão ter desperdiçado”, sublinha António Alegre.

O responsável das Páginas Amarelas destaca ainda que metade dos negócios portugueses não tem website. “Há muito trabalho a ser feito e, tal como aconteceu com a Páginas Amarelas, ou inovamos ou sucumbimos”.

“Há muito trabalho a ser feito e, ou inovamos ou sucumbimos”

Porque é importante que o Estado apoie essa transição?

– Por várias razões, entre elas, a criação de um mercado “justo”, que estimule a competitividade entre empresas e setores de atividade. Se é verdade que 52% das grandes empresas nacionais têm serviços de comércio online (novamente dados da ACEPI), também sabemos que a maior parte das PMEs não têm capacidade financeira para esse investimento.

Com incentivos e apoios do estado, as PMEs recebem um boost, por norma financeiro, que as ajuda a competir contra empresas de maior escala, derrubando uma das grandes barreiras identificadas pelos negócios portugueses para a implementação de programas de transição digital.

Que tipos de apoios existem atualmente?

– Os apoios do Estado são maioritariamente financeiros e pretendem formar profissionais, capacitar empresas e migrar processos para o digital. Apesar do Estado prever várias linhas de apoio, é o Plano de Recuperação e Resiliência que mais tem estado debaixo de foco, tratando-se de um fundo europeu que conta com 650 milhões de euros para estas iniciativas, já o Orçamento de Estado para 2022 – chumbado pelo Parlamento – previa investir 354 milhões de euros no cumprimento do Plano de Transição Digital Nacional…

António Alegre CEO das Páginas Amarelas
Porque devem ser reforçados esses apoios?

– Apesar da iniciativa privada dever ser amplamente encorajada, vejo duas razões para um Estado interventivo nesta matéria: como referi anteriormente, várias PMEs nacionais não contam com ferramentas básicas, como um website ou um domínio próprio. Em média, uma em cada quatro empresas portuguesas não investe em programas de transição digital, ou porque não têm capacidade, ou porque não sabem como fazê-lo.

“Portugal continua bastante atrás em termos de maturidade digital”

Por outro lado, uma vez que Portugal continua bastante atrás em termos de maturidade digital quando comparado com o resto da Europa, se os incentivos do Estado permitirem estabelecer uma maior competitividade interna, Portugal vai ganhar força nos mercados internacional e global.

De que forma a sua empresa contribui para essa transição?

– A Páginas Amarelas tem uma missão muito definida: facilitar a trajetória de digitalização das PMEs nacionais. Temos um track-record de mais de 10.000 pequenos e médios negócios aos quais demos um bom contributo, sendo que a experiência dos nossos consultores torna acessível um processo que, para muitos, envolve muitas dúvidas e receios. Todos os serviços que disponibilizamos – como a criação de websites e a integração de lojas online nos mesmos -, permitem-nos alavancar a presença digital de empresas que, de outra forma, não o conseguiriam fazer por si.

Além disto, também estabelecemos parcerias, como a que temos com a Wix, para que as empresas com recursos mais escassos tenham acesso a “gigantes” tecnológicos, que lhes abrem muitas oportunidades. Garantimos soluções personalizadas para cada cliente ou marca, o que por sua vez abre a porta a uma melhor rentabilidade de cada investimento.

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